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Rádio Graciosa


12 outubro 2018

Inquérito às evacuações de 2 de Fevereiro de 2017 não aponta culpados, mas sim recomendações

O Governo dos Açores enviou, na Quarta-feira, à Assembleia Legislativa o relatório do inquérito efetuado pela Inspeção Regional de Saúde às evacuações aéreas de dois doentes das ilhas de São Jorge e da Graciosa, que decorreram a 2 de fevereiro de 2017, assim como o respetivo despacho do Presidente do Governo sobre esta matéria.
Recorde-se que Vasco Cordeiro determinou a abertura deste inquérito urgente no seguimento do conhecimento da situação relativa à evacuação médica de um doente da ilha de São Jorge e de um doente da ilha Graciosa, considerando, sem margem para qualquer dúvida, “imperativo e imprescindível o apuramento detalhado e exaustivo de todas as circunstâncias que rodearam esta situação”.

Em 02 de fevereiro de 2017, a Proteção Civil dos Açores recebeu dois pedidos de evacuação de doentes de ilhas sem hospital, quase em simultâneo: um de uma criança de 13 meses com uma depressão respiratória num contexto de convulsão febril na ilha Graciosa e outro de uma jovem de 20 anos com um traumatismo cranioencefálico em São Jorge.
A coordenadora dos médicos reguladores (que tomam decisões sobre as evacuações) enviou, na altura, uma carta ao presidente da Proteção Civil, dizendo que foi inicialmente decidido retirar os dois doentes na mesma deslocação de helicóptero, mas que a presidente do conselho de administração do Hospital da Ilha Terceira pressionou a médica para dar prioridade à doente de São Jorge, que era sua familiar.
O secretário regional da Saúde optou, nessa altura, por não abrir um inquérito, mas em agosto deste ano, quando o caso foi relatado pelo jornal Diário dos Açores, o presidente do executivo açoriano decidiu abrir um inquérito "urgente".
À Agência Lusa, o secretário regional da Saúde dos Açores disse que errou ao não ter mandado abrir um inquérito em 2017, perante as suspeitas de interferência da administradora do Hospital da Ilha Terceira numa evacuação médica.
Rui Luís admitiu agora que a decisão não foi "bem ponderada", mas disse que não avançou com o inquérito porque tinha informação de que "clinicamente tinham sido tomadas as melhores decisões e de que não houve qualquer consequência relativamente aos utentes".
O documento de 71 páginas não aponta as culpas do ocorrido, mas apresenta recomendações. À proteção civil, para que proceda à criação de algoritmo ou procedimento objetivo, para estabelecimento de prioridades pelo médico regulador.
À Unidade de Deslocações e de Evacuações Aéreas, é recomendado que a elaboração de um estudo para a possibilidade de existir mais do que 1 médico e de que 1 enfermeiro nas evacuações simultâneas, bem como elaboração de escalas, para que o médico de serviço não esteja 24 horas consecutivas de urgência.
Ao Governo Regional, é sugerido que crie a figura jurídica do médico regulador, actualmente omissa na lei.



Fonte: Diário de Noticias/Lusa

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