Uma mulher que está em isolamento profiláctico na ilha
Graciosa devido à proximidade tida com um homem que acusou positivo à covid-19,
apresentou neste domingo um pedido de libertação imediata (habeas corpus)
contra a medida, contou à agência Lusa.
Na quinta-feira, Ângela Gonçalves, acompanhada da filha, de
cinco anos, e de um homem, viajou num voo da SATA entre Lisboa e Ponta Delgada,
tendo como destino final a ilha Graciosa.
“No voo S4121 sentámo-nos nos lugares 6D, 6E e 6F. Nesse
mesmo voo, nos lugares 5E e 5F, sentaram-se dois passageiros, sendo que um
deles, à chegada ao aeroporto de Ponta Delgada, foi sujeito a teste de despiste
à covid-19, tendo acusado positivo”, disse à agência Lusa a advogada.
Ângela Gonçalves vinha com testes de despistes à covid-19
feitos previamente, uma das possibilidades para quem viaja para o arquipélago.
Na sexta-feira de manhã, a advogada foi contactada pela
delegada de Saúde da Graciosa, que determinou o isolamento profiláctico dos
três viajantes até 4 de Agosto, a expensas dos próprios, “alegando que houve
contacto próximo com o passageiro infectado”.
“Só após muita insistência nossa foi determinada a
realização de teste à covid-19”, continuou Ângela Gonçalves, acrescentando que
os três testes deram resultado negativo.
“Não obstante os resultados serem negativos”, a delegada de
Saúde manteve a decisão, por isso deram entrada de habeas corpus, solicitando a
“libertação imediata, porquanto tal decisão é ilegal”.
O pedido de habeas corpus, que a agência Lusa consultou,
foi efectuado aos Juízos de Instrução Criminal de Ponta Delgada.
O responsável da Autoridade de Saúde dos Açores lembrou que
o período de incubação do novo coronavírus pode ir até 14 dias, daí o
isolamento pedido por esse período, a quem esteve perto de casos de covid-19.
Tiago Lopes sublinha que a determinação de isolamento
profilático atual "nada tem a ver com o que em tempos vigorou" na
região, de quarentenas obrigatórias para quem chegava de fora.
Tal representa uma "decisão médica", ligada a um
"problema de saúde pública subjacente", sendo que, no caso de viagens
de avião, são contactados os passageiros nas filas próximas do caso que deu
positivo e é feita a investigação epidemiológica de todo o percurso do caso.
Fonte: Lusa e Público