Viver uma crise como esta que
estamos a atravessar, é um verdadeiro desafio para a grande maioria dos
cidadãos pouco habituados a perder uma parte da sua liberdade. Digo uma parte,
porque as liberdades de consciência, opinião, expressão e religiosa, permanecem
intocáveis, muito graças àqueles que, arriscando a sua própria vida e a dos
seus familiares, lutaram para libertar Portugal das grilhetas da ditadura
bolorenta que nos governava, no longínquo Abril de 1974.
Lembrar esta data histórica para
o nosso país tornou-se, repentinamente, num motivo de discórdia, sem se
entender, à primeira vista, as razões de tamanha polémica.
Posso até compreender quem ache
que esta data tão importante para o país não deva ser assinalada na Assembleia
da República, mesmo sabendo que vai envolver um número inferior de pessoas às
que mantêm o plenário a funcionar, cumprindo todas as normas em vigor, afinal
os mesmos, ou menos, daqueles que vão lá todos os dias para discutir e aprovar
importantes mecanismos de apoio às famílias e empresas vítimas do covid-19.
E posso também aceitar a vontade
de quem não queira lá ir, mas não tenho dúvidas que muitos dos que se
manifestaram contra e os que recusaram participar nas comemorações, e que,
através das redes sociais, acabaram por arregimentar muitas pessoas, sobretudo
aquelas que vão com todos, fazem-no porque nunca aceitaram, de bom grado, a
Revolução de Abril.
O que há de bom nas pessoas
revela-se, e muito, nas crises e as provas são bem visíveis nas manifestações
de apoio, nas doações e no constante apoio aos mais frágeis.
Mas é de assinalar, que o pior do
ser humano também tende a aparecer nestes momentos, sobretudo junto daqueles
que não procuram nem sequer ajudam a encontrar soluções para os problemas que,
neste período difícil, surgem a cada passo.
Os primeiros, aqueles que tentam
desvalorizar esta data, a história mais cedo ou mais
tarde, acabará por acertar contas com eles.
Os outros, os que aparentam boa
vontade e espírito de colaboração, mas que colocam os capangas nas esquinas
obscuras das redes sociais, escondidos atrás do anonimato ou de perfis falsos,
à procura de qualquer deslize, esses serão julgados pelo povo e esse nunca se
engana.
Graciosa, 25 de abril de 2020.
José Ávila