Nos últimos tempos, o Presidente
da República no âmbito dos périplos que realiza pelo país, declarou que os
portugueses deveriam voltar-se para a agricultura. A bondade deste conselho é
evidente e merece a melhor atenção de todos nós pela importância que esta
pretensão encerra, mas em nome da coerência é preciso ver esta questão com
outros olhos, porque o tempo não apaga tudo, mesmo que isso desse imenso jeito.
As reações às palavras do
Presidente da República não se fizeram esperar e logo vieram a público sinais
de estupefação dos produtores agrícolas deste país pela ligeireza que
demonstrou em abordar a agricultura, precisamente o setor que quase sucumbiu quando
o atual mais alto dignatário deste país era primeiro-ministro. Se falasse em
pescas o seu problema seria muito semelhante pois foi nos dez anos que esteve
no poder que a nossa frota foi praticamente desfeita.
Entre 1986 e 1995, altura em que
o primeiro-ministro era o atual Presidente da República (1985-1995), o peso no PIB
da agricultura e das pescas baixou de 9,9% para 6,5%, enquanto o peso no PIB da
indústria, eletricidade e águas baixou, no mesmo período, de 32,2% para 26,4%.
Com o evidente declínio destas
atividades, cresceu a dependência do exterior, com os malefícios que lhe estão
inerentes.
Já se sabe que o povo, ao
vislumbrar estas diferenças entre a teoria e a prática, tem por hábito citar um
ditado bem a propósito: “Que bem prega Frei Tomás, façam o que ele diz e não
olhem ao que ele faz”.
Graciosa, 20 de Junho de 2013.
José Ávila