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Rádio Graciosa


28 dezembro 2012

Notável desta semana é Teodora Borba





Maria Teodora de Borba, nasceu a 25 de Abril de 1931 em Norte Pequeno, Concelho da Calheta de São Jorge. Filha de João Clemente de Borba, negociante da indústria dos lacticínios e de Maria La-Salette, doméstica, Maria Teodora era a segunda mais velha de 5 irmãos.

Viveu uma infância feliz, num meio rural em que havia muitas crianças e muita alegria.

Foi na escola primária da Freguesia que concluiu o ensino primário e fez exame da quarta classe, imposição que os pais tinham posto a todos os filhos.

No entanto, Teodora Borba descobriu o gosto pelo estudo e pediu aos pais para continuar a estudar e foi através da professora Maria Carlota Pereira, que conseguiu estudar e fazer exame de admissão, embora o pai não aceitasse que saísse de casa para estudar.

E assim foi para seu desgosto, Maria Teodora Borba esteve de 2 a 3 anos com esse sonho adiado, até que a família muda-se para a Calheta. Aí conhece a professora Clarisse Baptista, que dava explicações e foi com ela que retoma os estudos.

Aos 18 anos é incentivada a fazer o exame de regente na Terceira, viagem em que o pai a acompanhou, mas aí uma outra professora propõe-lhe que faça o exame do 2º ano, que passou facilmente. Depois ingressou no Liceu Nacional Padre Jerónimo Emiliano de Andrade e continua a ser uma aluna muito aplicada, mas também muito preocupada e acaba por ter um esgotamento.

Regressa a São Jorge para recuperar na altura em que estava no 4º ano e é um amigo do pai que convence a deixá-la prosseguir estudos no Colégio de Santo António, no Faial, onde completa o 4º e 5º ano. Foram anos de formação cívica e religiosa que marcaram a sua vida.

Voltou à Terceira para fazer o exame do 5º ano e exame de admissão ao Ministério, pois queria ser enfermeira. Chegou a ter matrícula feita na Escola de Enfermagem Rainha Santa Isabel, mas a oposição da família a que seguisse aquela profissão e o facto de ter conhecido o futuro marido fê-la mudar de ideias. Desiste da enfermagem para ser professora e durante dois anos fez o curso na Terceira, terminando em 1957.

Foi também a 8 de Setembro de 1957 que casou com Celestino Soares da Silva, graciosense que trabalhava na Câmara Municipal de Angra do Heroísmo.

Recém formada e recém casada, ficou colocada na Praia da Vitória, na Escola Masculina Sousa Júnior. Tinha 49 alunos da 4ª classe.

Durante 7 anos deu aulas em escolas da Ilha Terceira e em 1964 pede transferência para a Graciosa, mais concretamente para o lugar do Bom Jesus. Com esta mudança Teodora Borba cumpria o desejo do marido de voltar para a sua terra e assim reside há 48 anos na Graciosa.

A sua vida foi marcada por muitos altos e baixos e em 18 de Agosto de 1983 fica viúva. O marido faleceu vítima de uma doença degenerativa, de que padecia há muito tempo, e deixa-a com uma filha que tinham adoptado.

A sua vida profissional nas escolas do 1º ciclo continua até que é convidada para leccionar na escola preparatória e depois também na escola secundária, onde foi professora de História. Dava ainda explicações em sua casa, tendo ajudado muitos graciosenses a preparar-se para os exames.

Estava nesta vida muito preenchida de ensino, quando foi destacada em 1980 para trabalhar no Museu. Foi durante a sua direcção que a casa foi comprada, renovada e adquirido e recolhido o espólio da Casa Etnográfica, que abriu a 6 de Dezembro de 1983. Esteve a dirigir o Museu até 2000, 20 anos de trabalho naquela casa, que deixou na altura que foi para se reformar. Um trabalho que deu muito gosto, pois segundo diz permitiu-lhe conhecer a história dos graciosenses e da ilha.

Maria Teodora Borba adotou a ilha Graciosa como sua terra, e sentiu-se sempre muito acarinhada.

Conhece muitas gerações de graciosenses e sente-se feliz por isso.

No seu contributo à ilha é de destacar ainda que foi presidente da Junta de Freguesia Santa Cruz da Graciosa em 3 mandatos alternados, numa fase em que havia muita pobreza e no trágico sismo de 80.

È uma das maiores impulsionadoras da Associação de Artesãos da Graciosa e do seu atelier.

O seu cunho pessoal também o deixou no Carnaval da ilha, ensaiando bailinhos e fantasias de Carnaval.

Uma mulher notável, muito respeitada pelos graciosenses e que adotou a ilha Graciosa como sua terra.

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