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Rádio Graciosa


10 maio 2011

Artigo de Opinião de João Costa intitulado “PERESTROIKA”.



PERESTROIKA

Tem sido com enorme incapacidade de avaliação dos impactos das medidas que serão impostas aos Açores, pelo acordo de resgate, que o país se viu obrigado a subscrever, que os responsáveis governativos dos Açores têm vindo a comentar a revolução por que passará a região, à semelhança do que acontecerá no continente.
Esta atitude, a roçar a total irresponsabilidade, deixa com os cabelos em pé (tenha-os ou não) qualquer cidadão atento, e revela a fraqueza para perceber o que acontecerá no Estado, ou não fosse este acordo um verdadeiro arrumar a casa a que o país se furtou por mero calculismo político-partidário.
A Troika irá impor a Portugal uma verdadeira Perestroika (reestruturação em Russo), que muito mais que um mero trocadilho é um plano de mudança de regime tal como o conhecemos.
Muito diferente do que estava consagrado no PEC IV, que apenas impunha sacrifícios aos portugueses com nulas contrapartidas ou apenas com meras intenções de reformas, o resgate do País será feito, é certo, com grande austeridade, mas tendo por contrapartida uma reorganização do Estado, da qual se destaca a reestruturação do sector público empresarial, que implicará o fim das "gorduras" que se alimentam dos impostos e dos sacrifícios dos portugueses.
Só por desfaçatez se pode dizer que o PEC IV tinha evitado este resgate.
Além disso, por via dos sacrifícios e da revolução que aí vem, virá também um empréstimo de 78 mil milhões de euros - que Portugal nunca obteria de outra forma - e que são essenciais para que o país não entre em bancarrota formal.
Mas se a mitomania por que andam os responsáveis governativos dos Açores lhes causa desvarios sem nexo e declarações verdadeiramente imbecis, é importante que percebamos toda a extensão desta situação que, em última análise, pode pôr em causa até mesmo a Autonomia.
É importante que exista a noção de que muitas das medidas que o país terá que tomar devem ser tomadas também nos Açores e que, se a coberto de imperativo constitucional e estatutário somos detentores de iniciativa nas reformas exigidas, não é menos certo, ou por outra, é ainda mais certo, que dependemos do país e da Europa para continuar o percurso autonómico. Nesse sentido, é bom que se perceba que nesta situação para que fomos levados pelos Governos de Sócrates, manda quem paga! E se no país quem paga é a Troika que monitorizará e dará assistência na implementação das medidas para que os objectivos sejam atingidos, os Açores, que necessitam dos dinheiros do continente para sobreviver, convém que percebam o que isso implica em termos de transparência das contas públicas e de reforma do Estado.



João Bruto da Costa

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