No cumprimento de uma disposição estatutária, o Governo
Regional realiza, anualmente, visitas às ilhas onde não se encontram sedeadas
secretarias regionais, ou seja Flores, Corvo, Sta. Maria, Pico, S. Jorge e
Graciosa.
Este ano não foge à regra e, sensivelmente por aquela ordem,
o Governo do PS iniciará brevemente na Graciosa a sua última visita estatutária
de 20 anos de poder.
Coincidentemente, ou talvez não, a Graciosa ficou para
último neste plano de visitas do ano de 2016, ano em que ocorrem eleições e
que, ao fim de cinco legislaturas do PS, já nos habituaram a conhecer os
propósitos eleitoralistas colocados em deslocações de membros do Governo a
ilhas que, anualmente, renovam preocupações e insatisfações com o avançar do
tempo sem o acompanhamento pelo progresso e desenvolvimento ou mesmo, apenas e
só, pelo incumprimento de promessas reafirmadas no ano anterior.
Na preparação das visitas reúnem-se os Conselhos de Ilha
para levar ao governo as requentadas exigências e outras, mais ou menos
antigas, que reassumem importância quando alguém se lembra que já no passado se
havia prometido concretização semelhante.
Já há quatro anos foi assim. Em final de legislatura, o
Governo visitou a ilha Graciosa e trouxe consigo os habituais sorrisos e
palmadinhas nas costas, muito em voga em vésperas de eleições, acompanhados de
uns “dinheiros” para esta ou aquela colectividade, para este ou aquele clube ou
associação, a que se juntam muitas desculpas e justificações para responder ao
que haviam prometido em ano anterior, ou mesmo em legislatura anterior e que
não viu a luz do dia.
Na Graciosa, há quatro anos, o Conselho de ilha concluiu,
após reunião com o Governo, que era necessária mais obra e menos conversa a
respeito de obras que, já naquela altura, deviam estar concluídas ou em vias de
conclusão.
Eram o caso do novo matadouro e da prometida, badalada e
requentada promessa de construir uma marina na Barra, em Santa Cruz da
Graciosa.
Dirá o Governo e o PS que estas obras, finalmente, irão sair
do papel, e que, ao fim de muitos anos de promessas sobre a sua concretização,
vamos ter uma primeira pedra ou perto disso e que este Governo cumpre os seus
compromissos!
Não fosse o facto de andarmos a ver estas obras nos
manifestos eleitorais dos comunicados do Conselho do Governo, aquando da sua
visita à Graciosa em ano eleitoral, e seríamos induzidos em erro pelo grau de
satisfação daqueles que, mesmo com um atraso de uma década, festejam a
avalanche de propósitos e compromissos que, certamente, vão constar, mais uma
vez, no epílogo de mais uma visita estatutária em ano eleitoral.
Dentro de um mês estaremos todos a tentar perceber a razão
pela qual, durante estes últimos anos não houve qualquer realização digna de se
poder invocar uma estratégia de desenvolvimento da ilha Graciosa, mas vamos por
certo andar a ouvir os acomodados da ilha em regozijo pela quantidade de
primeiras pedras lançadas – mesmo que algumas demorem anos a ver a “segunda”
pedra – e a assumir que tanta obra para executar nos próximos anos é fruto do
seu empenho na defesa da Graciosa.
Esquecem esses que, durante anos, as promessas não cumpridas
geraram atrasos e perda de rendimentos tão importantes para a ilha. Esquecem
esses que não basta aparecer nos momentos mais festivos para mostrar que se
está ao lado das pessoas. Teria sido essencial que, nos quatro anos de uma
legislatura não se tivessem silenciado quando os problemas apareceram ou quando
o seu governo não cumpriu.