Esta semana Passos Coelho veio
aos Açores fazer um discurso hermético e descolorido. Aliás, a especialidade do
primeiro-ministro é pintar de cinzento tudo o que diz. Enfatizou as
dificuldades do país com convicção e acenou, a medo, com melhoras lá para a
frente, que ninguém, no seu prefeito juízo, consegue vislumbrar.
Esta sua intervenção no congresso
do PSD mereceu tímidos aplausos dos militantes do seu partido, talvez desanimados
e desiludidos com a ineficácia do seu líder na resolução desta crise, que ele
garante não ser da sua responsabilidade, mas que todos os portugueses sabem que
foi ele que a precipitou logo a partir da sua tomada de posse.
Ficou também confirmado, através
dos dados divulgados pelo Banco de Portugal na última terça-feira, que a
recessão em 2013 vai ser mais grave do que se previa, com menos consumo e mais
88 mil postos de trabalho destruídos.
O desacerto deste governo, de
matriz ultra liberal, é uma constante e, mais do que isso, é uma triste
realidade que está a levar os portugueses ao desespero. Falham previsões atrás
de previsões e continuam em frente. Faz lembrar a banda do Titanic que
continuou a tocar enquanto o navio se afundava.
O relatório do FMI, encomendado
pelo governo, contém uma série de propostas indiscritíveis que, a serem
assumidas, irão esmagar, ainda mais, o rendimento dos portugueses. A OCDE
também está por cá para colaborar na reforma do estado que, segundo se percebe,
vai avançar a direito, sem esperar pela opinião de quem quer que fosse, tal
como aconteceu com a reorganização das freguesias agora promulgada pelo
Presidente da República.
A clima social por esse país fora
é de tal gravidade que gente lúcida e com responsabilidade moral inatacável,
como é o caso do Dr. Freitas do Amaral, já prevê a possível queda do governo de
Passos Coelho.
Esta foi mais uma semana a correr
mal.
Horta, 17 de janeiro de 2013.
José Ávila