Sempre fomos habituados a este
frenesim próprio de um lugar pequeno. Uns chegam, para cumprirem uma função ou
uma missão, enquanto outros partem para outros destinos para aí realizarem
outra função ou nova missão.
Sempre fomos habituados a este
fado de ver partir os amigos cuja amizade foi feita com base neste forma
simpática com que recebemos quem nos visita. Por aqui, quem acolhe tudo faz
para receber bem e quem é acolhido entrega-se surpreendido pela simpatia
desinteressada dos locais.
Ontem, dia 15 de agosto, pude
assistir a mais uma festa de homenagem ao Padre Dinis Silveira, a escassos dez
dias da sua partida, neste caso na paróquia de Nossa Senhora da Luz. A
população, reconhecida pela entrega do seu pároco, compareceu em força e
agradeceu, à sua maneira, o seu esforço e a sua dedicação. Já antes o povo da
Ribeirinha e de Guadalupe tinham feito também a suas homenagens.
Sobre a obra deste operário de
Deus deixada nesta ilha já muito se disse. Sem dúvida que este homem deixa-nos,
nesta sua passagem pela ilha Graciosa, uma marca que perpetuará por muitas
gerações. Foram várias as suas intervenções, desde a requalificação de igrejas,
capelas e altares, até à recuperação de imagens divinas, construção de salas de
velórios e centros paroquias. Ele de facto esteve em todas as frentes.
Apesar deste seu interesse pelo
lado mais material das suas paróquias, o Padre Dinis nunca descurou o lado
espiritual do seu rebanho. Antes pelo contrário. Recuperou tradições
religiosas, empenhou-se em catequizar os mais jovens, animou os mais idosos,
confortou os doentes e apoiou os mais frágeis da nossa sociedade.
Porventura esta sua conduta não
terá agradado a todos e até poderá ter causado alguma ciumeira nos meios
locais. Mas foi uma obra notável, só possível porque o Padre Dinis Silveira se
entregou de corpo e alma à sua missão, não se desviando um milímetro do
essencial.
No dia 25 de agosto partirá um
amigo, mas a amizade ficará para sempre no coração dos Graciosenses.
Graciosa, 16 de agosto de 2012.
José Ávila