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Rádio Graciosa


30 novembro 2021

"Medidas Avulsas"- Artigo de Opinião de Manuel José Ramos

As medidas avulsas nunca deram bons resultados. A História já nos provou isso, embora muitos de nós não aprendêssemos com Ela.

Ora vejamos, vai ser atribuído um subsídio com incentivo à natalidade, para uma parte da sociedade, supostamente a que não usufruiu de RSI, ou seja a ativa no trabalho, até 1500 euros. E tudo o resto?
Já pensaram e num mercado cada vez mais competitivo e exigente qual o papel dos progenitores? Eles têm de ser bons profissionais, disponíveis horas sem fim em prol de manter uma carreira e muitas vezes o próprio posto de trabalho, em muitos casos sem terem a possibilidade de regime em teletrabalho, mas ao mesmo tempo bons pais, disponíveis para todas as atividades das crianças, para médicos, e tudo o que implica uma normal gestão familiar.
Isso para não falar das questões financeiras, onde a precariedade e salários baixos, muitos mais num cenário pós-pandêmico, são palavra de ordem.
Medidas desta natureza não são mais do que "chavões" à pressão para justificar tomadas de decisão ou manter "posições" políticas.
Este é o momento de se repensar a sociedade e a sua forma de viver. A pandemia veio a ensinar a ser diferente em sociedade e para isso não basta atribuir 1500 euros. Há que dar às famílias maior opção de mobilidade nos seus postos de trabalho quer em termos de deslocação para outra ilha quer em termos de teletrabalho. Esta medida permitirá uma gestão mais proficiente do tempo e um ajuste à gestão familiar. O equilíbrio entre o custo de vida das famílias e o rendimento que auferem é também outra das questões que deverá ser levada muito a sério. Muitas vezes, por mais que os progenitores queiram arranjar outra forma de auferirem rendimento extra, não têm condições para o fazerem, pois têm limitações de horário fixo por exemplo.
Estes assuntos não tem uma poção mágica para serem completamente resolvidos, até porque uma sociedade está sempre em transformação, mas certamente não será com a atribuição de 1500 euros para a natalidade que se vai verdadeiramente alterar.

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