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Rádio Graciosa


07 janeiro 2021

Artigo de Opinião de José Avila “Ainda a pandemia”

Estamos a atravessar uma pandemia e, no meu entendimento, não é momento para qualquer tipo de aproveitamento, antes pelo contrário, é tempo de agir e proteger os Açorianos, mas, no entanto, face ao que está a acontecer em várias das nossas ilhas, não posso deixar de manifestar algumas dúvidas sobre a gestão que está a ser feita no seu combate.

Tenho lido que o presidente do governo acha que a situação está controlada nos Açores e ouvi na comunicação social que o número de casos estava a diminuir.

Acho, infelizmente, que a situação epidemiológica não está controlada como nos querem fazer crer, antes pelo contrário, há uma evolução negativa que a todos deve preocupar. 

Também não é verdade que os casos estejam a diminuir, como tem sido dito de forma irresponsável, em alguns meios de comunicação.

Basta analisar os números para se constatar que a testagem, num período de férias escolares e de reencontro familiar, não está a acompanhar este momento propício a um maior movimento de pessoas vindas de outras ilhas ou mesmo do exterior da região, a reabertura das escolas e o expressivo aumento do número de casos.

Desde a tomada de posse deste novo governo (43 dias) foram realizados 52.007 testes que apuraram 1.407 casos positivos. Nos 43 dias anteriores, ainda com o governo anterior em gestão, foram realizados 51.679 testes que detetaram apenas 502 casos positivos.

Visto assim, seria expectável, pelo menos para a grande maioria dos Açorianos, que, devido ao aumento de casos e consequente número de contatos, de vigilâncias ativas e de pessoas em viagem, o número de testes aumentasse consideravelmente, mas não é o que está a acontecer.

É por isso que, em nome da transparência de que tanto fala este governo, seja explicada ao cidadão comum esta alteração de critérios, quando se sabe que tanto o PSD como o CDS-PP, quando estavam na oposição, defendiam que o caminho era, e cito, “testar, testar e testar”.

Não quero acreditar estarmos perante uma descoordenação, porque isso seria mau de mais para os Açorianos, mas é estranho coincidir com outros problemas associados, como queixas sobre funcionamento da Linha de Saúde e falhas na convocação dos cidadãos para o teste do 6º dia, processos fundamentais, como se sabe, para manter os Açores seguros.

Esta pandemia não é fácil e controlá-la depende muito de cada um de nós, como se ouve dizer a todo o momento, mas não se pode abrir brechas porque, se assim fosse, dávamo-nos ao luxo de deitar a perder todo o sacrifício feito até aqui.

Estamos todos no mesmo barco e temos de remar para o mesmo lado, mas então mãos aos remos porque não há tempo a perder.



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