"A democracia vive, na atual
emergência, momentos singulares.
À oposição pede-se contenção, que
seja reservada na crítica, que se empenhe num espírito de colaboração com
propostas construtivas e alertando para dificuldades.
Isto porque vivemos momentos
únicos em que, com motivação solidária, melhor enfrentamos o inimigo comum.
À situação, aos que suportam o
governo, pedia-se também contenção. Aos que detêm cargos executivos esperava-se
abertura e diálogo, humildade para aceitar sugestões e moderação na sua
promoção política.
A democracia de quarentena assim
o exigia.
Mas não é isso que acontece e,
como que em dois pratos de uma balança, quanto mais a oposição assume o seu
papel de entreajuda, mais o poder faz aproveitamento político, muita campanha
dissimulada e uso dos meios públicos para a promoção situacionista.
Assim não, assim a quarentena
democrática, já de si vítima dos maus tratos do estado de emergência, cede ao
autoritarismo e ao populismo e arriscamos passar a ser uma democracia em
contenção, de sentido único, acrítica e sem futuro."



segunda-feira, abril 20, 2020
Rádio Graciosa
