O Secretário Regional da Saúde afirmou na Horta, que
serão implementadas todas as normas e procedimentos para reforçar, cada vez
mais, a eficácia da Unidade de Evacuações Aéreas nos Açores.
“Há melhorias a introduzir no sistema, melhorias de
comunicação e melhorias de procedimentos, reforçando aquilo que eventualmente
não esteja bem”, frisou Rui Luís, que falava na Assembleia Legislativa.
Numa referência às evacuações que ocorreram a 2 de
fevereiro de 2017, reafirmou que foi uma situação que não correu bem, entre
milhares de evacuações que correram bem antes e depois daquela data.
O Secretário Regional garantiu que será feita uma
reflexão em conjunto com os profissionais que estão envolvidos nesta área, com
o Serviço Regional de Proteção Civil e Bombeiros dos Açores, com os centros de
saúde e com a Unidade de Evacuações Aéreas, para reforçar medidas a implementar
no sistema.
O titular da pasta da Saúde salientou ainda que é da
sua competência intervir quando algum serviço não está a funcionar e tentar
corrigir.
“Por vezes, quando as coisas não estão a funcionar o
Secretário tem de intervir, e vai continuar a intervir” frisou.
“Não posso deixar de exercer o meu poder tutelar sobre
a administração”, acrescentou Rui Luís salientando que uma das prioridades para
melhorar o sistema de evacuações é a formação.
Nesse sentido, recordou que “já foi anunciado pelo
Diretor Regional da Saúde que, na próxima semana, começa um curso de emergência
e estabilização do doente crítico dirigido aos médicos internos de Medicina
Geral e Familiar”.
Relativamente à necessidade de uma segunda tripulação
para os helicópteros da Força Aérea Portuguesa, o governante adiantou que a
expetativa é que, até ao final do ano, se confirme uma segunda tripulação para
os Açores.
O Presidente do Grupo Parlamentar do CDS, Artur Lima,
referiu, esta quarta-feira, durante a interpelação ao Governo Regional sobre o
serviço de transporte aéreo de emergência médica, que “este novo sistema de
evacuação e deslocação de doentes é um sistema de decisão de variáveis múltiplas,
que é desarticulado e que produz entropias e ineficiências, que no anterior
sistema não existiam”.
Para Artur Lima, é necessário “reformular todo o
sistema e não apenas minimizar ou menorizar, como pretende o Presidente do
Governo”, urgindo, deste modo, “a sua revisão total, porque as evacuações e as
deslocações de doentes não podem ser suscetíveis de entropias desta natureza”.
Sobre a polémica em torno das evacuações que
envolveram doentes da Graciosa e de São Jorge, Dionisio Faria e Maia do
PS/Açores, considerou que “muito se disse e escreveu sobre este incidente,
muitos juízos ligeiros se fizeram, politizando-se rapidamente aquilo que
deveria simplesmente conter matéria de decisão clínica e organizacional”. No
entanto, como fez questão de realçar, “em política não vale tudo”,
principalmente quando o que esteve em causa foi, como demonstrou o inquérito,
“um conflito entre pares”, “uma falha de comunicação e inoperância reconhecida
pelos técnicos intervenientes” que é “passível de resolução pelo diálogo e
assumo de liderança”.
Também o deputado José San-Bento, interveio no debate
para realçar que “temos um bom sistema, mas as circunstâncias do dia 2 de
fevereiro de 2017, demonstram que a exceção confirma a regra - A regra é que o
serviço é bom, o serviço deve ser motivo de orgulho e de confiança para os
Açorianos -, mas não negamos que numa situação extraordinária foram expostas
questões que têm que ser corrigidas e que são, e muito bem, abordadas no
Despacho do Presidente do Governo dos Açores, que é uma base, de um contributo
para que estas insuficiências sejam corrigidas e que se possa prevenir os
problemas”.
A deputada do PSD/Açores Mónica Seidi considerou que o
secretário regional da Saúde é “politicamente indigno” de permanecer no cargo, após
ter ficado provado que Rui Luís interferiu nas evacuações médicas ocorridas a 2
de fevereiro de 2017.
“A médica reguladora teve a dignidade de sair, pedindo
a demissão. O senhor secretário regional da Saúde é politicamente indigno de
continuar a desempenhar as funções que lhe foram confiadas pelos açorianos”,
disse a social-democrata, na Assembleia Legislativa dos Açores, numa
interpelação ao governo regional sobre o inquérito da Inspeção Regional de
Saúde às referidas evacuações médicas.
A parlamentar do PSD/Açores lembrou que Rui Luís
“ocultou” toda a situação ao arquivar o caso em 2017, sabendo-se agora que
também “interferiu, sem ter competência legal ou técnica” no processo de
evacuação médica.
Mónica Seidi considerou também “lamentável” que o presidente
do governo regional, no despacho feito a propósito do inquérito, “não tenha
encontrado culpados”, apesar de todos os factos apurados pela Inspeção Regional
de Saúde.