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Rádio Graciosa


16 maio 2018

Teodora Borba e Vítor Rui Dores serão condecorados no Dia dos Açores

O Dia da Região Autónoma das Açores será assinalado, este ano, a 21 de Maio, com um programa comemorativo que inclui a Sessão Solene que vai decorrer na Madalena, na ilha do Pico.
A Assembleia Legislativa Regional aprovou ontem a lista dos açorianos que serão condecorados, na comemoração deste ano e há dois graciosenses entrem os nomeados.
Maria Teodora de Borba e Vítor Rui Dores vão receber as Insígnias Autonómicas de Reconhecimento.
Trata-se do reconhecimento público destes dois graciosenses, na consolidação da identidade histórica, cultural e politica do nosso povo.









Maria Teodora de Borba, nasceu a 25 de Abril de 1931 em Norte Pequeno, Concelho da Calheta de São Jorge. Filha de João Clemente de Borba, negociante da indústria dos lacticínios e de Maria La-Salette, doméstica, Maria Teodora era a segunda mais velha de 5 irmãos.

Foi na escola primária da Freguesia que concluiu o ensino primário e fez exame da quarta classe, imposição que os pais tinham posto a todos os filhos.

No entanto, Teodora Borba descobriu o gosto pelo estudo e pediu aos pais para continuar a estudar e foi através da professora Maria Carlota Pereira, que conseguiu estudar e fazer exame de admissão, embora o pai não aceitasse que saísse de casa para estudar.

Maria Teodora Borba esteve de 2 a 3 anos com esse sonho adiado, até que a família muda-se para a Calheta. Aí conhece a professora Clarisse Baptista, que dava explicações e foi com ela que retoma os estudos.

Aos 18 anos é incentivada a fazer o exame de regente na Terceira, mas aí uma outra professora propõe-lhe que faça o exame do 2º ano, que passou facilmente. Depois ingressou no Liceu Nacional Padre Jerónimo Emiliano de Andrade e continua a ser uma aluna muito aplicada, mas também muito preocupada e acaba por ter um esgotamento.

Regressa a São Jorge para recuperar na altura em que estava no 4º ano e é um amigo do pai que convence a deixá-la prosseguir estudos no Colégio de Santo António, no Faial, onde completa o 4º e 5º ano. Foram anos de formação cívica e religiosa que marcaram a sua vida.

Voltou à Terceira para fazer o exame do 5º ano e exame de admissão ao Ministério, pois queria ser enfermeira. Chegou a ter matrícula feita na Escola de Enfermagem Rainha Santa Isabel, mas a oposição da família a que seguisse aquela profissão e o facto de ter conhecido o futuro marido fê-la mudar de ideias. Desiste da enfermagem para ser professora e durante dois anos fez o curso na Terceira, terminando em 1957.
Foi a 8 de Setembro de 1957 que casou com Celestino Soares da Silva, graciosense que trabalhava na Câmara Municipal de Angra do Heroísmo.
Recém formada e recém casada, ficou colocada na Praia da Vitória, na Escola Masculina Sousa Júnior. Tinha 49 alunos da 4ª classe.
Durante 7 anos deu aulas em escolas da Ilha Terceira e em 1964 pede transferência para a Graciosa, mais concretamente para o lugar do Bom Jesus. Com esta mudança Teodora Borba cumpria o desejo do marido de voltar para a sua terra e assim reside há mais de 50 anos na Graciosa.

A sua vida profissional nas escolas do 1º ciclo continua, até que é convidada para leccionar na escola preparatória e depois também na escola secundária, onde foi professora de História. Dava ainda explicações em sua casa, tendo ajudado muitos graciosenses a preparar-se para os exames.

Estava nesta vida muito preenchida de ensino, quando foi destacada em 1980 para trabalhar no Museu. Foi durante a sua direcção que a casa foi comprada, renovada e adquirido e recolhido o espólio da Casa Etnográfica, que abriu a 6 de Dezembro de 1983. Esteve a dirigir o Museu até 2000, 20 anos de trabalho naquela casa, que deixou na altura que foi para se reformar. Um trabalho que deu muito gosto, pois segundo diz permitiu-lhe conhecer a história dos graciosenses e da ilha.

No seu contributo à ilha é de destacar ainda que foi presidente da Junta de Freguesia Santa Cruz da Graciosa em 3 mandatos alternados, numa fase em que havia muita pobreza e no trágico sismo de 80.
É uma das maiores impulsionadoras da Associação de Artesãos da Graciosa e do seu atelier.
O seu cunho pessoal também o deixou no Carnaval da ilha, ensaiando bailinhos e fantasias de Carnaval.
Uma mulher notável, muito respeitada pelos graciosenses e que adotou a ilha Graciosa como sua terra.







Victor Rui Ramalho Bettencourt Dores, nascido em Santa Cruz da Graciosa, Ilha Graciosa, Açores,a 22 de maio de 1958, é um professor, escritor, ator,encenador, poeta, ensaísta e crítico literário Açoriano, que também se dedica à etnomusicologia e aos estudos etnográficos e linguísticos.

Em 1968 mudou-se com a família para a Ilha Terceira, onde permaneceu até 1978. Em 1977 concluiu os estudos liceais no então Liceu Nacional de Angra do Heroísmo e em 1982, obteve a licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas (Estudos Ingleses e Alemães), pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa.

Cumpriu o serviço militar obrigatório na Força Aérea entre 1983 e 1985 nas Bases militares da Ota, Tancos e Lajes, com as patentes de aspirante e alferes.
Possui Certificado de Estatuto de Formador, conferido pela Direção Regional da Educação e Formação, nas áreas: Didáticas Específicas (Inglês/Alemão) e Expressão Dramática.
Atualmente desempenha a função de professor do quadro de nomeação definitiva da Escola Secundária Manuel de Arriaga, na cidade da Horta, Ilha do Faial.

Entre setembro de 1997 e julho de 2004 exerceu o cargo de Presidente da Comissão Executiva Provisória do Conservatório Regional da Horta.
É representante da Região Autónoma dos Açores, desde 1998, no Conselho Nacional de Educação. Também desde 1998, exerce o cargo de Presidente da Assembleia Geral da "Azórica", Associação de Defesa do Ambiente.

No campo da linguística, pesquisa, há mais de 20 anos, os sotaques, as pronúncias e as variantes dialetais das nove ilhas açorianas.

Colabora frequente com crónicas publicadas em jornais e revistas regionais, nacionais e da diáspora. É autor e colaborador de vários programas de índole cultural no centro regional da Rádio e Televisão de Portugal nos Açores (RTP Açores), bem como em outros meios de comunicação social e açorianos.

Está ligado à arte teatral como ator, estando integrado no grupo de teatro "Carrocel", ocupando igualmente o cargo de Presidente da Direção. Desde 1988 é autor de peças e encenador no grupo de teatro "Sortes à Ventura", da Escola Secundária Manuel de Arriaga.

Entre 2004 e 2007 foi membro da comissão editorial do Boletim do Núcleo Cultural da Horta. [3]

Em 2010, escreveu o documentário "Um Idealista Chamado Manuel de Arriaga", produzido pela delegação do Faial da RTP Açores. No documentário que assinalou o centenário da República Portuguesa, Victor Rui Dores interpretou a figura do primeiro Presidente da República Portuguesa. [4]
É frequentemente convidado a escrever, em parceria com Antero Ávila, letra e música de marchas que desfilam nas Festas Sanjoaninas de Angra do Heroísmo (Ilha Terceira). [5]
Foi o responsável pela introdução da Marcha da Semana do Mar, aquando da realização desta festa que anualmente decorre na cidade da Horta. Assumiu, por diversas vezes, a autoria da letra da referida marcha.

Victor Rui Dores é Cidadão Honorário da Ilha Graciosa (agosto de 2004) e recebeu Homenagem pública Câmara Municipal da Horta (julho de 2006).

Obras

  • Poemas de Fogo e Mar (poesia), 1978
  • Grimaneza (contos), 1987
  • Entre o Cais e a Lancha (poesia), 1990
  • À Flor da Pele (poesia), 1991
  • Sobre Alguns Nomes Próprios Recolhidos na Ilha Graciosa (ensaio), 1991
  • Histórias com Peripécias (crónicas), 1999
  • Bons Tempos (crónicas), 2000
  • Açores, as Ilhas Ocidentais – Azores, the Western Islands (álbum fotográfico), 2000
  • A Valsa do Silêncio (romance), 2005
  • A Graciosa Ilha (álbum fotográfico), 2009
  • O Ouvido que Escreve (poesia), 2017

Antologias

  • Cadernos Colectivos de Poesia – Antologia organizada por Emanuel Jorge Botelho, 1979
  • O lavrador de ilhas, de Santos Barros, 1981
  • Toda e qualquer escrita, de João de Melo, 1982
  • A questão da literatura açoriana, de Onésimo Teotónio Almeida, 1983
  • Antologia Poética dos Açores, 2.º Volume, de Ruy Galvão de Carvalho, 1984
  • Os Nove Rumores do Mar, de Eduardo Bettencourt Pinto, 1999
  • On a Leaf of Blue: Bilingual Anthology of Azorean Contemporary Poetry, tradução e organização de Diniz Borges, 2003
  • Nem Sempre a Saudade Chora – Antologia de Poesia Açoriana sobre Emigração, Seleção, Introdução e Notas de Diniz Borges, 2004
  • “XX3X20” 20 pinturas/20 melodias/20 poemas, 2005
  • Voices from the Islands, an Anthology of Azorean Poetry, John M. Kinsella, 2007

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