Foi com enorme satisfação que
participei no Parlamento dos Jovens, dando o meu modesto contributo naquela
sessão que é de uma importância fundamental para a minha geração que quer,
assumidamente, combater o desinteresse pela causa pública e lutar para baixar a
abstenção.
O caminho faz-se caminhando e
exemplos com estes são contributos necessários para alterar o atual estado das
coisas e dar um passo em frente, em direção a uma maior participação cívica de
todos os cidadãos e esse percurso só resultará se a aposta for feita nos jovens
de agora.
O mundo mudou e os jovens também.
Hoje há uma enorme velocidade no acesso à informação, há a própria mudança de
paradigma na informação. As redes sociais moldam as novas maneiras de convívio,
de comunicação e mesmo de acesso às diversas fases da notícia, o que implica
uma maior seletividade.
Os jovens de hoje estão melhor
preparados do que os de qualquer outra geração. São, na generalidade, mais
empreendedores, amam a liberdade, vivem sem preconceitos, dispensam muito bem a
discriminação e a opressão.
Ser jovem hoje, tal como no
passado, é desbravar o mundo, apreciar cada descoberta, aprender com as experiências
que hão de transformar-se em sabedoria pela vida fora.
São os jovens que impulsionam o
desporto, a ciência, a cultura, a moda, etc. São os jovens que se revoltam
contra as injustiças. São os jovens que dão a cara por causas.
Mas para chegarmos até aqui foi
preciso outros, que também já foram jovens e irreverentes, pegarem em armas e
restituírem a liberdade aos Portugueses na primavera de 1974, derrubando uma
ditadura bolorenta com 40 anos de vida.
Era um governo déspota que
prendia nos calabouços do regime quem ousasse sonhar, que torturava quem
pensava diferente, que enviava jovens para uma guerra distante e que não era
deles.
Esse governo tirano não educava
os portugueses, negava-lhes o acesso à saúde, não lhes dava pão nem esperança.
Esse governo prepotente via em
cada grupo de pessoas uma rebelião.
Esse governo opressor censurava
jornais, retirava páginas aos livros, cortava filmes e programas de televisão.
E é a partir da revolução que é
formada a Assembleia Constituinte que, como o próprio nome indica, foi
encarregue de formar um edifício jurídico, a Constituição, que entrou em vigor
a 25 de abril de 1975.
A Constituição Portuguesa prevê
um estado unitário, duas regiões autónomas e o poder local.
O poder local, a par das
autonomias, constitui uma das maiores realizações do estado democrático por
andar associado à promoção do desenvolvimento, à preservação do património
natural e construído.
Segundo António Teixeira
Fernandes o poder local passou, desde a revolução, por duas fases distintas:
- primeiro por uma tendência mais
intervencionista, um tempo de mobilização das populações para uma intervenção
cívica;
- depois por uma diminuição do
empenhamento ideológico e partidário e aumento da vontade de liderança no campo
do desenvolvimento.
Hoje existem enormes desafios no
poder local, havendo por isso mesmo, uma mudança substancial no perfil de um
presidente de câmara ou de junta que, de um papel mais político, está a passar
para uma função de gestor, quer de recursos financeiros, quer de recursos humanos.
Apesar da organização democrática
do Estado compreender a sua existência, as autarquias são distintas desse mesmo
Estado, podendo, no entanto, ser por ele fiscalizadas, controladas ou
subsidiadas.
Se hoje falamos sem medo sobre
temas que interessa à nossa população, como a autonomia do poder local e da sua
importância para as populações, se falamos de direitos, liberdades e garantias
é por termos uma Constituição que limita os poderes, define os direitos e os
deveres dos cidadãos.
E essa Constituição deve ser
defendida, hoje e sempre.