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Rádio Graciosa


10 fevereiro 2017

Artigo de Opinião de José Ávila intitulado “As três semanas que estão a abalar o mundo”

No início de novembro de passado ano os norte-americanos foram chamados para escolher entre os dois candidatos que resistiram às eleições primárias.
Venceu Donald Trump que, apesar de ter recebido menos votos populares, foi o candidato que maior número de grandes eleitores conseguiu alcançar, facto que lhe atribuiu a vitória. Eram estas as regras e quanto a isso nada há a dizer.
Depois da sua tomada de posse, o atual inquilino da Casa Branca iniciou o processo de execução das medidas estapafúrdias que tinha anunciado na sua campanha e que muita gente pensava que não as iria pôr em prática, mas Donald Trump tem, de facto, sido coerente com o que prometeu, infelizmente para todos nós.
Nos últimos dias determinou proibir a entrada de pessoas de sete países por motivos de segurança e curiosamente não há história de atentados terroristas perpetrados por pessoas desses países nos Estados Unidos da América.
Vendo esta questão com maior acuidade, verifica-se que muitas das pessoas que fogem da guerra, ou melhor, das guerras que todos os dias destroem lares e infraestruturas básicas, fazem-no devido também às bombas que os Estados Unidos da América e os seus aliados espalham constantemente pelos países massacrados de tal maneira que não oferecem condições de segurança e mesmo de sobrevivência aos seus cidadãos.
E isto quer dizer, em última análise, que aquele país é um dos grandes responsáveis pelo enorme movimento migratório que tem origem nas zonas de conflito e agora esta administração quer lavar as mãos deste assunto como se nada tivesse a ver com isso.
Mas tem e muito. Em alguns casos aquele país utilizou, perante os seus aliados, argumentos com base em ameaças inexistentes, como foi o caso do Iraque, arrastando consigo outros países, uns mais ingenuamente do que outros, para um autêntico pântano sem saída à vista.
Fala-se num tempo novo e que temos de nos habituar a ele, mas custa ver o primeiro dignatário de um país com enormes tradições democráticas, muitas vezes autointitulado polícia do mundo,  lavar as mãos de responsabilidades advindas, a maior parte das vezes, de atos de índole bélico, seus e dos aliados que arrastam consigo, tentando ultrapassar de qualquer maneira os entraves legais que, entretanto, vão surgindo, tudo isto de uma forma exageradamente explicita, tal como acontece em programas televisivos de qualidade duvidosa.
Estas três semanas foram, de facto, vertiginosas e não indiciam nada de bom para os próximos tempos.

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