Quando assistimos, em ano eleitoral, a alguns anúncios de
medidas simpáticas, populares, favoráveis às pessoas - enfim, aquelas medidas
de que toda a gente gosta e todos aplaudem - somos tomados por aquela dúvida
sobre as verdadeiras intenções escondidas por detrás do anúncio e em especial o
tempo em que se divulga ou se aprova determinada questão.
Depois há o “correr atrás do prejuízo”, muito normal quando
um executivo não cumpriu na sua missão de governação para as pessoas e vê o
aparelho partidário em pânico, procurando agradar a tudo e todos, depressa e em
força, pois o tempo escasseia e as coisas podem correr menos bem ou até mal!
Quando é assim, assistimos a euforias descabidas e
publicidades enganosas por parte dos missionários do aparelho do poder, como se
tudo o que agora, em cima do acto eleitoral, é anunciado, fosse o culminar de
uma governação de sucesso quando todos sabem que é precisamente por não haver
resultados nem conclusões de obras prometidas que se anunciam coisas e mais
coisas.
É o caso, na Graciosa, da avalanche de “eventos” - uns de
autopromoção, outros de mera “propaganda” - em que o poder aparenta estar a
servir as pessoas ou a cumprir o prometido.
Podia dar o exemplo da areia colocada, em pleno verão, junto
à rampa do areal da praia, areia essa que foi retirada do fundo do porto
comercial, pois acumulava-se perigosamente, e que, recentemente, também em
ocasião igual, perante a exigência de que essa areia fosse colocada no areal
isso foi recusado sob a desculpa de contaminação da areia pelos navios que
operavam naquele lugar. Claro que, em ano eleitoral, voltar a vender para a
construção a areia que os Graciosenses há muito reclamam para a sua praia podia
não ser bom, e como teriam que desassorear o porto, pois os navios em breve
deixariam de operar, toca a fazer “show off” para eleitor ver e ao faz-de-conta
que se tinha programado essa movimentação de uma areia que diziam estar
contaminada.
Mas o que mais se destaca neste capítulo de tentar iludir as
pessoas em vésperas de eleições com medidas simpáticas, no que à Graciosa diz
respeito, é a recente aprovação de uma proposta de redução do IRS autárquico
que é questão muito discutida na ilha e que, há vários anos, é uma medida que o
PSD insiste em apresentar e o PS insiste em não a aprovar.
O que terá mudado este ano para que agora já se proponham
baixar a participação do IRS no município? Já se sabe, são as eleições!
O que tivemos de ouvir de quem agora faz a mesma proposta
sobre o IRS autárquico! Escreveram-se longas prosas de justificação para não
reduzir impostos na Graciosa, diziam que queriam o dinheiro para o social, que
lhes fazia muita falta para gerir as contas municipais, que éramos demagogos,
que esta medida só beneficiava os mais abastados; enfim, todos se lembram, foi
um arraial de protestos dos que agora até divulgam uma anunciada redução
fiscal, apesar de já toda a gente na Graciosa saber que esta é apenas mais uma
medida de caça ao voto, para dar a sensação de que estão ao lado das pessoas,
mas a quem viraram as costas quando delas não precisavam!
Até Vasco Cordeiro veio à Graciosa para anunciar o que já tinha anunciado em 2012 e
em 2015: um qualquer plano (outro) para o turismo!!!
Atrás destes exemplos muitos outros podem ser elencados, em
diferentes níveis de pura propaganda de um regime que, a meses de eleições,
gosta de atirar uma nebulosa de boas notícias, esperando esconder anos de
insensibilidade.