A jovialidade socialista nos
Açores, pelo tempo que vivemos, é um caso de estudo. Consequência de duas
décadas de governos liderados pelos mesmos, que hoje continuam a comandar pelas
ilhas um partido e uma região.
O
sorriso de plástico num verão com clima atípico - um verão “macaco”, como já
ouvi que se dizia quando era um dia sol, outro chuva, em Julho a entrar em
Agosto – é inversamente proporcional aos tempos de dificuldade por que passam
milhares de açorianos a viver com menos do que o salário mínimo, ocupados e mal
pagos, que assistem a uma certa normalidade no poder, como se tudo isto fosse o
“clima” normal, em que a felicidade do poder se satisfaz com a indiferença ou a
incapacidade de interpelar uma certa horda de donos disto tudo.
As
fachadas nem sempre revelam a verdade de portas-dentro. E a governação, mais os
seus atletas da posição, deleitam-se em sentir que podem dizer o que querem,
fazer o que querem, comprar tudo e todos, pensando que a submissão e a
dependência valem o seu poder, eternamente.
Não
será sempre assim, nem em todos os lugares, mas é-o na maioria dos Açores, e nos
lugares pequenos torna-se repelente de uma geração que quer, 20 anos depois,
experimentar uma mudança, que seja diferente de uma mudança para fora do lugar
onde nasceram, onde criaram filhos ou onde é a terra dos seus pais.
Para
mais, tudo funciona como se não se soubessem sempre as intenções de uma nova
fachada para lembrar que quem manda são eles e que as coisas que as pessoas
pedem, seja para a sua casa, a sua rua ou o seu clube, será quando eles
quiserem, a troco dos tais sorrisos e cervejinhas na tasca da festa!
O poder
é afrodisíaco, dizem! Mas o prazer do seu exercício deve resultar na satisfação
das necessidades colectivas e não no gáudio de manobrar a coisa pública para
benefício partidário.
Uma
geração inteira, nascida depois de meados da década de 90 do século passado, vê
quem lhe pegou ao colo, numa festa de verão para dar um beijinho para a
fotografia de campanha, ser a mesma pessoa que continua a fazer o mesmo, de
lugar em lugar, ora nesta ou naquela cadeira, há já 20 anos, distribuindo sorrisos
e gerindo milhares de milhões de euros, sustentando uma insaciável dependência
dos lugares da administração de um partido que engordou nessa sua dependência
em relação aos serviços e empresas públicas e que com isso acha que pode
continuar a calar o menor esgar de infidelidade.
No
reverso da fachada e depois do folclore estival, esquecidas as loucuras e as
avarias, vamos a votos. De um lado a jovialidade repetida de quatro em quatro
anos, pelos mesmos de sempre, a envelhecer o tempo. De outro lado outras
propostas, válidas por 4 anos, de mudança, de escolhas alternativas.
Em 2020
há eleições para deputados e governo dos Açores. Há quem pense que daqui a 4
anos se pode voltar a ter esta discussão, pois se nada mudar em 2016, não vai
ser diferente até 2020. Serão mais 1500 milhões de euros nas mãos do poder
socialista para mais 4 anos do mesmo beija-mão aos mesmos que nos últimos 20
anos têm deixado uma geração ora de mão estendida, ora emigrada.
Adiar
mais 4 anos será perder mais uma oportunidade de dar aos Açores um novo pensar
a política, uma nova forma de encarar o poder público e os serviços da
administração, retirando o partido das secretarias e dos locais de trabalho nas
empresas da região.
4 anos
não é sempre o mesmo tempo. Para trás ficaram quatro anos com muito tempo
perdido, para a frente podem ser quatro anos com uns novos Açores.
Já é
tempo!