Há questões que deixam qualquer um num misto de receio e
humor, e que servem para procurar esconder uma incapacidade óbvia do Governo
dos Açores em resolver problemas criados pelas duas décadas de socialismo
atlântico.
A mais recente foi a ira de Vasco Cordeiro para com Bruxelas
pela alegada não defesa da lavoura açoriana na crise que se viu mergulhada,
precisamente, por incapacidade de Vasco Cordeiro.
O actual Presidente do Governo foi, há uma década,
Secretário Regional da Agricultura e, durante vários quadros comunitários
aprovados por Bruxelas, o socialismo açoriano deu as mãos aos milhões de euros
enviados com o intuito de preparar os Açores agrícolas para o futuro. E agora
reclama de quem nunca negou meios ou apoio à estratégia do poder regional
socialista.
O problema é que a estratégia do socialismo dos Açores nunca
foi a de desenvolver o que quer que seja sem que isso desse lucro eleitoral.
Uma forma populista de poder total, suportado pelos milhões de Bruxelas que
sempre foram usados ao lado de um eleitoralismo decadente e que teima em ser a
única forma de governo conhecido pelos socialistas, nestas ilhas.
De fora ficou, portanto, a lavoura na sua mais importante
missão de entre os objectivos traçados a cada quadro comunitário; o de estar
preparada para o futuro!
Sempre fiz questão de criticar que não se podia dizer que a
execução de um quadro de desenvolvimento tinha sucesso quando o quadro seguinte
trazia mais verbas, precisamente, porque não estávamos melhores do que o ponto
de partida.
Mas nos Açores tem sido assim, e o último quadro comunitário
- com centenas de milhões no Prorural - não foi gerido em função do que já se
previa ser o futuro, mas apenas em gastar milhões para ganhar eleições. Todos
sabiam que isso iria capitular perante o óbvio e agora acha Vasco Cordeiro que,
gritando para Açoriano ouvir, vai resolver o descalabro que tem pela frente.
Esta é a parte que o receio toma conta de nós e pensamos
como é possível que o feitiço se tenha virado contra o feiticeiro, deixando um
rasto de vítimas mais ou menos inocentes pelo caminho. Como seria difícil um
futuro em que Vasco Cordeiro continuaria a ser o homem na primeira fila, com
uma estratégia que mesmo sem dar resultados, é a única que conhece.
Noutro ponto, é absolutamente cómico imaginar que Vasco
Cordeiro será, agora, a "voz" do que quer que seja na Europa. Neste
caso, quer passar a encenação de que está a lutar pelos produtores de leite mas
na verdade ninguém o ouve, e se ouvirem o governante dos Açores, que tem a seu
cargo as relações externas, este diz em Bruxelas que isto não podia andar
melhor e que somos mesmo um exemplo, imagine-se, de coesão (Isto dito depois do
INE publicar que somos os últimos no que toca a coesão).
É de levar ao riso assistir a um Vasco Cordeiro a agitar a
bandeira da tragédia e Rodrigo Oliveira, que está na sua dependência directa, a
dizer o seu contrário.
Falam conforme o público ou, como diz o povo; "albardam
o burro à vontade do dono"!
Imaginar os líderes europeus preocupadíssimos com as
críticas de Vasco Cordeiro, depois deste ter feito parte
de um regime que, ao fim de 20 anos, a única coisa que faz é queixar-se dos
outros, é de facto um momento hilariante para logo sabermos que se exige uma
mudança nos Açores que passa por mudar de estratégia de desenvolvimento, pois
pedintes de luxo, ao que parece, nem os Gregos podem ser!
É o modelo socialista, com uma mão fechada de orgulho e a
outra mão estendida na humilhação!