Um refúgio no RSI
Os números divulgados para o mês de Julho de
beneficiários do RSI vieram novamente dar destaque aos Açores, com uma nova
subida, e, novamente, com mais de 18 mil Açorianos a necessitar de um apoio
para poderem minorar os efeitos da sua condição de pobreza.
Os Açores assumem-se, por mais uma vez, como a
região do país onde o RSI se revela mais importante para combater a
precariedade e as dificuldades por que passam muitas famílias.
À frente do distrito de Setúbal, que apesar dos
seus mais de 800 mil habitantes e de tradicionalmente ser a terceira região do
país com mais beneficiários do RSI mas que desde há alguns meses foi
ultrapassada pelos Açores, logo a seguir ao Porto e Lisboa, e mesmo com o maior
rigor nos critérios de atribuição daquele apoio social, a região há mais tempo
governada por maiorias socialistas continua a revelar toda a fragilidade do seu
tecido económico e social que não obteve condições para sair de um ciclo
vicioso de pobreza.
O RSI continua assim, e, actuamente com maior
rigor, a ser o refúgio de muitos açorianos a quem, ora porque acabou o subsídio
de desemprego, ora porque continua à espera de um primeiro emprego, ora porque,
simplesmente, não se afigurou outra forma de ir levando os dias, muitas vezes
atrás de um natural mas, repetidas vezes, complexo pensamento: o de alimentar
os filhos!
Em torno desta incapacidade de largar a rotina de
pobreza, à qual são sujeitos muitos açorianos, está a forma como se tem levado
pela frente o combate às desigualdades, muitas vezes mais motivado pelo retorno
da solidariedade, quase sempre em forma de voto, e nem sempre olhando nos olhos
de quem leva a vida de mão estendida porque faltam as oportunidades.
Em tempos, não muito longínquos se atendermos ao
ciclo socialista regional, festejava-se o RSI. Como se se tratasse de um motivo
de celebração a caridade de dar um pouco a quem nada tem e ainda exigir uma
espécie de gratidão pela suposta bondade!
Para além de que era festa feita à custa de apoio
alheio, pois a totalidade do RSI é verba que, desde sempre, sai directamente do
Orçamento de Estado.
Hoje, talvez mais envergonhados por um Estado
Social exigente em termos orçamentais ser sinónimo de sociedade carenciada, o
RSI é mais encarado pela sua natureza de apoio à sobrevivência e continua a
revelar o quanto os Açores andaram sem conseguir dizer a tão grande percentagem
dos seus cidadãos como deixar esse ciclo de dificuldades que vão permanecendo,
apesar de tudo o que em contrário se vai continuando a ouvir por parte do poder
regional.
E, se é certo que o ciclo de pobreza a que muitos
açorianos estão entregues resulta da falta de oportunidades que não surgem pela
incapacidade de implementar nos Açores um modelo económico que deixe de ser
sustentado pela caça ao voto, mais certo é de que muitos dos nossos concidadãos
necessitam de contar todos os cêntimos do RSI para poder levar o seu dia-a-dia.
Se tivermos em conta que a actual situação dos
Açores exige maior atenção a quem passa por maiores dificuldades, mesmo
sabendo-se que não são os paliativos de cariz assistencialista que por si só
resolvem o nosso problema de fundo, temos necessariamente de defender a
importância de apoios como o RSI.