O general Loureiro dos Santos considerou “perfeitamente
natural” a intenção dos Estados Unidos em reduzir a presença norte-americana na
Base das Lajes, Açores, referindo que as relações entre os dois países “não vão
ser afetadas”.
O secretário da Defesa
norte-americano, Leon Panetta, informou segunda-feira o ministro da Defesa
português, José Pedro Aguiar-Branco, da intenção dos Estados Unidos reduzirem a
presença na Base das Lajes, que vai ser negociada bilateralmente.
Em declarações à agência
Lusa, o general Loureiro dos Santos, antigo Chefe do Estado-Maior do Exército
(CEME), disse que Portugal e os Estados Unidos vão continuar a ter uma relação
estreita.
“Os EUA modificaram a
estratégia geral relativamente à utilização de forças militares e a modificação
mais importante foi a alteração do esforço que até agora se verificava nas duas
guerras do Afeganistão e do Iraque e também na Europa, isto é, privilegiava as
ligações com a Europa e com os problemas da Europa, nomeadamente da Europa de
Leste, e passou a exercer o seu esforço na Ásia”, disse.
No entender do general
Loureiro dos Santos, esta situação associada à necessidade de um “’downgrading’
de todas as forças militares, tendo em vista os custos exagerados que têm sido
feitos nos últimos anos e a situação financeira muito débil e delicada” dos
Estados Unidos justifica a redução nas Lajes.
“Neste contexto, é
perfeitamente natural que as forças militares e os destacamentos dos EUA no
âmbito europeu sejam reduzidos, aliás já anunciaram que vão retirar duas das
quatro brigadas que estão na Europa e eventualmente diminuir comandos que aqui
estão estacionados”, salientou.
O especialista em defesa e
estratégia considerou ainda que “dentro deste contexto também há uma diminuição
dos elementos que estão na Base das Lajes que não é só desta base mas de todo o
eixo Atlântico europeu”.
Apesar da diminuição, o
general Loureiro dos Santos realçou que os EUA têm o cuidado de manter a sua
capacidade para a qualquer momento voltar a fazer o “’upgrading’ da Base das
Lajes que nunca será abandonada”.
No encontro entre Leon
Panetta e José Pedro Aguiar-Branco, realizado na segunda-feira no Pentágono, em
Washington, não foram discutidos números de redução de efetivos, mas apenas o
início de um processo de negociações entre equipas norte-americanas e
portuguesas, sobre a "modalidade" da reestruturação.
Allan Katz, o embaixador
dos Estados Unidos em Lisboa, afirmou recentemente que os "reajustamentos
orçamentais" obrigam a fazer cortes na presença militar no exterior e que
a Base das Lajes não tem a mesma importância estratégica para os Estados Unidos
do que tinha "há 30 anos".
Lusa/Aonline