Por estas alturas do ano recordo
sempre uma conversa que ouvi da boca de um senhor de provecta idade que
afirmava que, para ele, o dia mais triste do ano era aquele em que terminava o
Carnaval. Sentia-se a veracidade nestas palavras por serem ditas de maneira
sentida.
Os Graciosenses, de uma ou de
outra forma, gostam do Carnaval, que, por cá, é festejado de uma forma
diferente, com caraterísticas muito enraizadas e que, felizmente, tem sido
mantidas ao longo dos anos por gente anónima que dedica muito do seu tempo às
atividades dos clubes que proliferam pela ilha.
Esta festa é transversal a toda a
sociedade. Desde crianças até aos idosos, todos se divertem à sua maneira e ao
seu ritmo.
A alegria é uma constante.
Vive-se cada dia de festa de forma intensa, deitando para trás das costas as
amarguras que estes tempos difíceis nos têm trazido.
Os bailes de salão têm o seu
início logo a seguir ao Natal, às vezes antes, e são frequentados por várias
gerações de Graciosenses e de forasteiros, que aproveitam estes momentos para
se divertirem, revisitarem velhas amizades e conviverem. Muitos destes bailes
terminam já depois do nascer do sol, sempre de forma ordeira apesar de alguns
excessos próprios destes momentos.
Os grupos de fantasias, vestidas
a rigor e quase sempre com cores garridas, percorrem todos os clubes da ilha
executando coreografias mais ou menos simples - porque a folia não combina com
grandes rigores técnicos - apresentando, deste modo, o contributo que dão a
esta festa que é, no fundo, de todos.
As pessoas que têm passado pela
experiência de viver estes dias connosco não ficam indiferentes e reconhecem
que estes momentos são inesquecíveis, pela alegria contagiante, pela diversão
pura e, sobretudo, por serem muito bem recebidas.
Por isso a nostalgia sentida pelo
senhor que vos falei há pouco não deve ser rara. Muitos Graciosenses e muitas
pessoas que nos visitam sentirão o mesmo.
Resta-nos a certeza de que para o
ano haverá mais.
Graciosa, 23 de fevereiro de
2012.
José Ávila