Ao ler um artigo de opinião do líder parlamentar do PS na Assembleia Regional, publicado no Diário Insular do passado sábado, fiquei perplexo com a grosseria da linguagem e o despropósito dos lamentos públicos! Se é grave chamar cobarde a um opositor no calor do debate político em plenário da Assembleia, é de uma absoluta falta de nível fazê-lo na frieza de um artigo de opinião que só mancha o seu autor. Depois admiram-se das pessoas acharem que os políticos não servem para nada. E na verdade, se é para andarem apenas a ofender os adversários, não servem mesmo.
Mas veja-se até onde vai o disparate: Perante uma proposta de redução de gorduras nos gastos do Estado, em que o PSD apresentou, pelo seu líder parlamentar, um exemplo de uma fatura telefónica de milhares de euros, o PS entendeu fazer um escândalo por causa dessa fatura. Veio então, de forma teatral, o Secretário da Economia Vasco Cordeiro confirmar que só numa viagem que fez à Alemanha gastou 3330,96 euros de telemóvel. Mas se este gasto surpreende pelo excesso que representa, então o que dizer do facto do Secretário Regional ter afirmado que mandou rever o contrato com a operadora telefónica? Então não sabia qual o custo das chamadas feitas do estrangeiro?
Só se preocupou com isso depois de gastar o dinheiro?
Por outro lado, também é de realçar que o Governo dos Açores gastou em comunicações nos anos de 2009 e 2010 mais de 8 milhões de euros!!! Será que se preocuparam com o tarifário ou foi sempre a gastar?
Nestas coisas de gastos excessivos é sempre útil que se façam comparações com a vida real dos Açorianos. No ano de 2010, a média anual das pensões de mais de 50 mil açorianos foi de 3974 euros. Quer isto dizer que em apenas um mês, o Secretário Regional da Economia gastou quase tanto de telemóvel quanto os pensionistas dos Açores auferem em média durante um ano inteiro! E fê-lo sem cuidar sequer de saber quanto é que custava a utilização do telemóvel quando se desloca ao estrangeiro!
Era de bom tom que o Secretário Regional, ao invés de querer justificar o injustificável, pedisse desculpa aos Açorianos pelo tempo que já leva de governo regional em que fez este tipo de gastos com a leviandade de quem já exerce o poder há tempo demais. Mas já sabemos que isso não irá acontecer. O que lhe interessa é atacar quem alerta para este tipo de esbanjamentos e quem se apresenta como alternativa a este tipo de governação. Foram governos como este, que gastam primeiro e perguntam depois, que levaram Portugal, já por três vezes, à condição de pedinte. É bom que não esqueçamos isso!