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Rádio Graciosa


28 setembro 2011

Ética bolseira - Pecados Socialistas

A última semana foi funesta para o PS e redundou numa notória sequência de desastres políticos reveladores de um partido que, a cada dia que passa, confessa a sua desorientação. Tal é o resultado de uma liderança a passos largos de um fim anunciado e onde a sucessão (leia-se Vasco Cordeiro), teima em não assumir a autoridade interna que se impõe a quem quer segurar o partido para o embate de 2012.
A começar as desventuras socialistas, César abandonou a Secretária do Trabalho à sua sorte, primando pela ausência da sessão plenária, apesar de se encontrar na Horta e de até ter anunciado que iria estar no Parlamento.
O anúncio prévio de que o PSD iria pedir a moralização da actividade governativa e a saída de Ana Paula Marques do cargo que ocupa deixou César atemorizado.
Não quis assumir as responsabilidades e a "sua" Secretária Regional defendeu-se atabalhoadamente. Isolada no Governo e no Partido, ninguém lhe deu uma mãozinha nas parcas explicações sobre os seus actos.
Perante tanta desorientação César viu-se forçado a vir a terreiro, e no dia seguinte disparou em todos os sentidos. Atacou ferozmente a comunicação social e não se coibiu de demonstrar toda a sua prepotência.
Tudo não passou de uma encenação para dentro de casa (em versão "haraquiri") perante as críticas à actuação da Secretária Regional e a já famosa bolsa de estudo atribuída ao filho desta.
Na verdade, o PS Açores está a sofrer de uma orfandade prematura. E até destacados Socialistas já sonham com a queda de Sócrates, num delírio de afirmação nacional de Carlos César.
A questão da bolsa de estudo do filho da governante, mais do que uma questão legal é uma questão ética. E a verdade é que, quando a governante decidiu alterar o regulamento de bolsas já sabia que iria beneficiar o próprio filho. Que é como quem diz: Já sabia que iria beneficiar ela própria. E já o sabia porque ao tempo dessa alteração regulamentar já o filho frequentava o curso que iria ser fortemente apoiado.
Pode até dizer-se que outras bolsas já haviam sido atribuídas mas fica por responder o porquê de não ter sido atribuída ainda qualquer bolsa ao filho da governante, que se encontrava a frequentar o curso desde 2007?
Mais para o final da semana veio a correria Socialista sobre a revisão constitucional no capítulo das autonomias.
Aqui o PS ficou-se pelos mínimos e limitou-se a dizer que, para o PS, a autonomia regional é a questão do Representante da República. Algo que merecerá uma abordagem mais cuidada mas que mostra o vazio de visão autonómica deste PS, em clara despedida do seu líder.

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