A visita do Presidente da República aos Açores revelou a falta de sentido de Estado de alguns senhores que, desde sempre, destilaram um veneno pouco democrático pelo Professor Cavaco Silva.
Ainda nem tinha aterrado nos Açores e já o líder do PS Açores dava o recado interno para os serviçais do costume, dizendo que era uma visita de uma pessoa como outra qualquer.
Depois disso bastou ver o comportamento daqueles que nem respiram sem ordem do chefe para se perceber que havia uma clara orientação interna para fazer o mínimo possível, e afastar o mais possível o contacto de Cavaco com as manifestações populares ou culturais das nossas ilhas.
Na Graciosa, foi o cúmulo da incompetência por parte do Presidente da Câmara, que não se limitou a fazer o mínimo: fez muito menos do que seria normal perante uma visita presidencial. Nisto, o líder do PS Graciosa foi acompanhado pelos seus seguidores e deputados regionais que, no mesmo tom, fizeram de conta que não era o Presidente da República que desembarcava na Graciosa para pernoitar duas noites e embarcava dois dias depois.
Para quem já assistiu a recepções do Presidente do Governo Regional com charrete para transporte e escolta a condizer, estamos conversados.
E nem era isso que se exigia para receber o mais alto magistrado da nação. Bastava a cortesia de uma presença notada e alguma demonstração cultural a condizer para dar uma sóbria, mas essencial, solenidade à visita do Presidente de todos os Portugueses.
E se olharmos para as ofertas com que a Câmara Municipal brindou o Chefe de Estado (um livro, uma medalha e umas queijadas) então temos mais um factor que dá uma perfeita noção da falta de preparação do presidente da autarquia para o cargo que ocupa.
Podia lembrar o Presidente da Câmara que os bordados da Graciosa são uma manifestação cultural da ilha ou que um pequeno cabaz de produtos locais daria publicidade de um importante elemento da economia local, mas não valia a pena, pois as orientações do chefe não permitiam estes gestos, pequenos mas com grande significado.
Podia também lembrar o edil que existem filarmónicas, coros e rancho folclórico na ilha, mas isso nem pensar, não fosse o seu líder socialista ter alguma indisposição.
Ao terminar a visita, e ainda antes de regressar a Lisboa, o Presidente da República ainda teve de ouvir o presidente do Governo a dizer que o povo não aderiu e que os empresários não tiveram destaque na visita de Cavaco.
Felizmente, e com grande sentido do dever, a Presidência da República fez uma declaração esclarecedora: A visita foi toda coordenada em conjunto com o Governo Regional.