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Rádio Graciosa


22 junho 2011

Artigo de Opinião de Mercês Coelho intitulado “A escola na rua”.

A escola na rua


A Escola Básica e Integrada da Graciosa tem vindo a demonstrar uma grande vitalidade neste último período, envolvendo-se em acções que interagem socialmente com a comunidade envolvente, justificando bem os resultados do investimento feito na educação da Graciosa, como um serviço público de inegável préstimo.

Já disso dei uma breve nota, a propósito duma coroação de Espírito Santo promovida pela Escola, que durante toda uma semana se concentrou num cerimonial, convocando a autenticidade das tradições de cada localidade, dando sentido a uma festa religiosa e profana.

Esta semana que terminou, de novo, a comunidade escolar esteve de portas abertas à sociedade.

Através dos alunos do 12º ano, exteriorizou reflexões com um trabalho produzido dentro da área curricular, num plano dinâmico, pedagógico para os alunos, e interessante para quem contribuiu com testemunhos vivenciados. O tema escolhido foi a guerra colonial, produzido com um documentário, onde se mesclaram imagens, símbolos, a propaganda e as justificações políticas dos governantes ao tempo, factos analisados por dentro de depoimentos dos então jovens graciosenses. Por força das circunstâncias, foram eles agentes nessa acção, em territórios distantes da Guiné, Angola e Moçambique, ao mesmo tempo que houve a preocupação de situar no tempo os ritmos de vida da ilha, que envolveu essa geração e cujos efeitos ainda são visíveis nas que lhe sucedem.

O resultado foi uma análise crítica, onde não faltou alma, num registo simples, mas comovente.

Com uma roupagem lúdica e simultaneamente formativa, fomos brindados durante umas largas horas, sexta e sábado passados, com a reconstituição duma imaginária feira quinhentista, que trouxe à Praça Fontes Pereira de Melo em Santa Cruz, animação, criatividade, coordenação entre as várias vertentes do ensino, bem como o empenho de sociabilização entre formadores, formandos e a sociedade.

Decerto que se vão esbatendo os tempos em que se considerava a aprendizagem escolar como uma etapa considerada constrangedora ao contributo que cada elemento devia dar para o sustento familiar em que se integrava.

Hoje o reconhecimento do desempenho da criança é analisado duma forma mais pacífica e à luz dos princípios da convenção sobre os seus direitos, que terão reversão num futuro onde eles deverão ser promotores duma cidadania cívica e activa.

A Escola na ilha e o desempenho espectável do conhecimento, é um investimento com retorno lento, mas progressivo, que importa acentuar decorridos que são umas três décadas sobre a sua implantação.

Saibamos valorizar essa marcha social em prole do conhecimento técnico e científico, com responsabilidade, generosidade e acrescida exigência, especialmente útil neste período de anunciada austeridade que o país atravessa.


Maria das Mercês Coelho





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