Neste dia 18 de Maio o calendário assinala a data como o dia dos Museus, razão que justifica se tragam aqui algumas curtas reflexões, a salientar a importância do destaque dum determinado património identitário na vida colectiva da sociedade em que cada individuo se insere.
Hoje como dantes, a necessidade de preservar o passado, articulada com a dinâmica da contemporaneidade, cada vez mais voraz e com relevância para os aspectos do foro económico, em detrimento dos restantes, é vital para dar respostas válidas e justificar a sustentabilidade da vida comunitária, alavancando novas estratégias de acção, com vista a alcançar um futuro mais equilibrado e feliz, alicerçado em valores de sensibilidades diversificadas.
Importa realçar que, foi no âmbito de um movimento no início do processo autonómico regional, o qual criou legislação específica e meios económicos suficientes para dotar todas as ilhas com um núcleo museológico, que o Governo Regional adquiriu na Graciosa, em 1978, um granel, que serviu de ponto de partida para a recolha do património, e que hoje disponibiliza uma oferta de diversas artes e ofícios, e um palco aberto a exposições, actividades lúdicas ou educativas.
Neste caminhar, na ilha também estão descentralizados pólos importantes, como o do património molinológico e o das canoas baleeiras, que dão sentido à aplicação dos conhecimentos tradicionais e foram impulsionadores de bem estar e riqueza.
Tais testemunhos justificam a vivência dum passado e a evolução da comunidade humana dentro dum contexto geográfico, articulada nas suas vertentes sociais, culturais e económicas, podendo e devendo, constituir uma reserva importante, chamada a propor a conservação do existente.
É importante sublinhar, que a preservação do passado não seja vista como um espartilho à evolução de novas tendências, mas antes contribua para um despertar de consciências e um envolvimento maior de agentes capacitados com novas informações, com vista a alcançar um gosto equilibrado.
Recentemente ampliado e estruturado dentro duma imagética estética actualizada, o Museu da Graciosa, ficou envolto em alguma polémica pela sua traça exterior, considerada arrojada, evidenciando porém com a requalificação muito melhores condições para a observação e o despertar consciências.
O papel do museu nunca está completo. Pronto a ser visto por quem nos visita ou por nós, deve continuar a senda da inventariação de outros bens móveis e imóveis - como é o caso da arquitectura da água, através do desempenho dos chafarizes e bebedouros - e ainda dar uma maior visibilidade ao potencial do património imaterial. Para essa acção, é importante convocar o contributo de todos os seus residentes.
Em concreto, o Museu não é um edifício que reserva os bens do passado, mas deve antes constituir uma janela aberta para questionar novas acções, numa dialéctica constante na procura da valorização do conhecimento.
Na encruzilhada do futuro, muitos desafios nos são colocados, qual seja o de manter um ambiente limpo, resultado da caracterização da Ilha Graciosa como reserva da biosfera, sempre aliado à necessidade de desenvolver os meios científicos adequados, que se traduzam em equipamentos sustentáveis geradores de áreas de conforto moderno.
O desenvolvimento de um povo cultiva-se e desenvolve-se pela acção e inteligência humana em diálogo com o respeito pela natureza.
Santa Cruz da Graciosa, 18 de Maio de 2011
Maria das Mercês Coelho