Traduzir

Rádio Graciosa


25 fevereiro 2008

Transportes, desertificação, falta de emprego e fragilidade da economia, são constrangimentos para o desenvolvimento da Graciosa.

O Congresso de Economia da Graciosa desenrolou-se Sexta e Sábado na Graciosa, o primeiro evento do género promovido pelo Festival Festa Redonda.
O presidente da Câmara Municipal aproveitou a sessão de abertura para referir a importância do evento, em especial no que diz respeito a mostrar as potencialidades da Graciosa e da troca de experiências dos três dias, poderão sair novas possibilidades e oportunidades.
José Cunha, presidente da Associação Cultural Festa Redonda falou dos objectivos do festival, que são sobretudo incentivar e promover a economia local.
Laura Matos, da organização do Festival, apresentou o Festival Festa Redonda e dos Açores como palco desta iniciativa. No fundo o objectivo é dar voz a quem não tem voz, tal como frisou Laura Matos a cerimónia de abertura.
A primeira palestra do Congresso, intitulou-se “Breve caracterização sócio-económica e cultural”, por Jorge Cunha, falando essencialmente do passado.
Luís Henrique Silva apresentou a palestra sobre “a realidade do sector agro-pecuário na Graciosa”. Este conhecedor da agricultura falou da realidade da ilha Graciosa como Ilha envelhecida, em que 30% da população tem mais de 65 anos.
Na agricultura graciosense, ficou a conhecer-se que ao invés de outros sectores, a agricultura continua em crescimento na Graciosa, com destaque para a qualidade dos produtos. No mercado da carne, referiu o facto de se exportar gado vivo, quando deveria investir-se na transformação de carne, que conjugado com bons transportes, seria uma boa aposta.
A Graciosa tem o mais elevado estatuto de sanidade animal, o B4, condição pela qual a Graciosa não tem obtido os devidos benefícios.Na tarde de Sexta-feira, retomaram-se os trabalhos com a palestra proferida por Carlos Brum intitulada “Perspectivas para o futuro do sector comercial na Graciosa”.
Segundo Carlos Brum a Graciosa necessita de novos mercados e para que isso aconteça, é necessário haver um grande esforço e investigação para que se possa apostar nas áreas certas.
Os Graciosenses preferem os produtos de outros locais, aos da nossa ilha, e esta situação precisa ser invertida, já que está a prejudicar a economia da Graciosa.
Na opinião de Carlos Brum o turismo não será no futuro a nossa salvação, porque todos os sectores são importantes para o nosso desenvolvimento.
“A importância do sector das pescas na micro-economia da Graciosa”, foi exposta por João Ataíde, Presidente da Associação de Pescadores Graciosenses. Segundo João Ataíde a associação de pescadores está a funcionar da melhor forma e aproveitou também a ocasião para se congratular com as obras realizadas no Porto de Pescas. Ainda frisou que o facto de ainda não termos uma Marina só prova que a Graciosa continua esquecida.
A última palestra de Sexta-feira “sobre os transportes marítimos e aéreos e os problemas no escoamento do pescado, foi proferida por Valentino Benjamim, que deu exemplos com que se deparam semanalmente os pescadores da Graciosa, para conseguir exportar o seu pescado, o que raramente conseguem fazer nas datas pretendidas e nas quantidades desejáveis. Estas dificuldades fazem com que o pescado desça o seu valor comercial, não deixando satisfeitos os seus compradores do continente e outros países da Europa.
No Sábado, o congresso de economia da Graciosa realizou as últimas apresentações.
A primeira teve como tema “O empreendedorismo como solução de emprego em economias de pequena escala, o exemplo da Graciosa” que esteve a cargo de António Carizo, professor da Universidade de Aveiro.
António Carizo, falou de empreendedorismo em várias vertentes.
Na vertente educacional pretende-se criar aos alunos condições para que estes sejam mais empreendedores, a nível social pretende-se que as instituições públicas criem mecanismos de apoio a todos os que querem abrir empresas.
Segundo este professor universitário, um dos objectivos do empreededorismo é realmente a criação de empresas, e a nível de soluções permite que haja uma dinâmica económica completamente diferente sobretudo em meios rurais.
Aldino Melo, proprietário de uma unidade de turismo rural da Graciosa falou da sua experiência e da dificuldade em promover a sua unidade, pouco apelativa por se encontrar numa comunidade pequena como a Graciosa, o que dificulta que as agência a promovam.
Leopoldo Moniz falou das potencialidades interessantes e valiosas da Graciosa, para o turismo em espaço rural, tido como solução para a crise económica e social.
No período da tarde, na primeira palestra sobre os “desafios do futuro nas várias áreas da economia” proferida por Luís Vasco Gregório, foram deixadas pelo orador alguns exemplos de constrangimentos que existem como o facto da falta de voos para a Graciosa e necessidade de voo ao Domingo. A fraca constituição de empresas e falta de fixação de jovens, foram outros problemas abordados, para os quais a solução é criar valor na ilha. Foi ainda proposto por este orador, a constituição de uma comissão independente para fazer chegar ao poder politico as necessidades com que se deparam os Graciosenses.
Seguiu-se a palestra de Luís Soares, sobre o associativismo na produção, dizendo que de facto da Graciosa tem dificuldades por estar “longe de tudo” e falou de factores impeditivos de desenvolvimento, como o causa da água da Graciosa não ser boa para a indústria de lacticínios, bem como a falta de transportes para o escoamento dos produtos e dos que necessitam importar para por a industria a produzir.
A penúltima palestra do Congresso foi sobre agricultura, com João Picanço a falar da dificuldade em encontrar pessoas que queiram apostar na produção de vinho na Graciosa, optando-se hoje por outras culturas mais rentáveis, afirmando que a adega foi das maiores associassões da ilha tendo levado como nenhuma outra o nome da Graciosa mais longe com o seu vinho e aguardente mundialmente conhecidas.
Finalmente sobre as culturas da Graciosa, vinho, alho e meloa, debruçou-se Ana Margarida Andrade, que falou do processo de classificação de valorização dos produtos da marca Pedras Brancas da Adega e Cooperativa da Ilha Graciosa.
A sessão de encerramento foi da responsabilidade de José Aguiar, presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa que contou com a presença de Arnaldo Machado, Director Regional de Apoio à Coesão Económica, em representação do Governo Regional dos Açores.
Arnaldo Machado falou dos objectivos do Governo para as Ilhas de Coesão, que passam por combater os constrangimentos que enfrentam e o papel importante que deverá ter o empreendedorismo.
José Cunha, da Associação Cultural Festa Redonda, fez os agradecimentos em nome da organização e deixou o repto para que agora se aproveite tudo aquilo que ali foi debatido.
José Aguiar, presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa, referiu que apesar de ter falado de constrangimentos, o factor positivo é que se falou da Graciosa e a ilha foi promovida no exterior.
Ontem os congressistas aproveitaram para fazer uma visita guiada pela ilha, sendo hoje o dia da viagem de partida da Graciosa.

Twitter Facebook Favorites More