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Rádio Graciosa


24 maio 2024

Artigo de Opinião de José Ávila - "Aproveitamento da energia limpa"

"Como é conhecido, a Ilha Graciosa, após avultados investimentos na produção de energia limpa (eólica e solar), que, conjugada com uma central de baterias, foi considerada em 2019 como ilha modelo relativamente às soluções de mobilidade elétrica e complementadas, mais tarde, com a uma campanha para eletrificação do aquecimento das águas sanitárias.

Esta abordagem é importante por ser um dos passos para a substituição de combustíveis fósseis, onde se inclui o gás, que tem maiores custos ambientais e económicos.

Para além disso, este percurso valoriza a marca da Ilha Graciosa como Reserva da Biosfera, que tem mais de 15 anos.

Através da Resolução do Conselho de Governo 99/2022 de 26 de maio de 2022, foi instituída uma campanha para a atribuição de 1.500 termoacumuladores a pessoas singulares que possuam um edifício na Ilha Graciosa.

As candidaturas decorreram entre 1 de junho e 31 de outubro de 2022, mas, segundo foi dado nota, a adesão foi muito fraca, apenas 209 candidaturas, colidindo assim com os objetivos principais de todo este processo de substituição da tipologia de consumo de energia.

Sendo uma das obrigações do promotor “divulgar a campanha junto do público em geral”, a verdade é que a divulgação, segundo diversos relatos, foi insuficiente ou, pelo menos, pouco eficaz, confirmado pelos resultados obtidos.

Para esta fraca adesão não é alheio o facto de se estar perante uma população envelhecida, com alguma dificuldade no acesso à informação e, sobretudo, infoexcluída.

A demora na sua execução é também um dos problemas relatado pelas poucas pessoas que, mesmo assim, submeteram a sua candidatura.

Por reconhecer o seu mérito, mas pelo facto desta campanha não ter tido o sucesso que se esperava, é preciso promover uma nova campanha para a atribuição de termoacumuladores aos mesmos destinatários, associada a uma forte divulgação, que inclua anúncios na comunicação social local e um esforço de esclarecimento porta-a-porta, envolvendo, desta vez, as instituições mais próximas das populações, ou seja, as juntas de freguesia da ilha e o próprio município.

Paralelamente, é preciso prever a instrução dos processos pelos métodos tradicionais para cobrir a faixa de população sem acesso às plataformas digitais.

Só assim será possível chegar a mais gente e atingir o objetivo de reduzir a dependência de combustíveis fósseis, a não ser que não se deseje a eficácia de uma campanha deste tipo, o que também pode ser uma possibilidade."

Horta, 24 de maio de 2024.

José Ávila

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