O
Museu da Graciosa acolheu, na semana passada, a apresentação de
dois livros, da autoria de Flávio de Azeredo, sobre a influência
açoriana, nas danças tradicionais do Rio Grande do Sul.
Fruto das observações do autor no arquipélago açoriano e o seu conhecimento do folclore gaucho, a obra “Herança açoriana nas danças tradicionais do Rio Grande do Sul” constitui um trabalho bem elaborado que contém partituras musicais, coreografias das danças em quadros comparativos, abordagem sobre aspetos culturais de cá e de lá.
O Professor Flávio Azeredo disse que existem muitas influências do folclore açoriano que persistem até hoje no Brasil.
“A dança gaúcha herdou muitas páginas que contém a evolução das danças dos ilhéusaçoritas. Transladadas para o Continente de São Pedro, tais expressões coreográficas modificaram-se mercê dos novos contatos e das condições sociais dos descendentes dos colonizadores e, por extensão de todo o povo que passou a assimilá-las. Sem perder totalmente suas características de origem, as danças açorianas como as Chamarritas, os Pezinhos, as Tiranas, entre outras, guardaram ritmos, linhas melódicas, encadeamentos harmônicos. O tradicional acompanhamento à viola cedeu lugar à gaita (acordeon) e ao violão; a indumentária dos pares modificou-se, sem, no entanto perder a simplicidade própria do pessoal de zona rural. Os balhos (ou bailhos) açorianos de outrora deixaram uma singela herança aos bailes tão pitorescos nos Centros de Tradição Gaúcha, onde peões e prendas demonstram a graça do namoro por entre os movimentos de braços e olhares significativos, onde os homens marcam seu papel nos vigorosos sapateados e as damas sarandeiam suas saias rodadas num bonito espetáculo individual e de conjunto”.