"No parlamento dos Açores, o presidente do governo confessou,
pesaroso, que ninguém informou o governo de que nas Flores as prateleiras
estavam vazias, que faltavam bens essenciais e que a economia da ilha
definhava.
Foi a confissão de quem percebeu que não tem, pelas ilhas,
quem possa dizer presente pelo governo e informe sobre os problemas locais.
Que o presidente do governo não possa estar fisicamente em
todas as ilhas ao mesmo tempo é incontestável. Mas quando se tem representantes
de várias secretarias regionais,
coordenadores de serviços públicos, deputados afetos à maioria e outros
empenhados informadores locais, só por falta de outra justificação se pode
dizer que não se sabe o que se passa em qualquer recanto dos Açores.
Em alternativa, o presidente do governo padece de autoridade
e ninguém se importa em transmitir as circunstâncias cruciais à boa governação.
A falta de informação declarada pelo líder do governo não
pode servir de desculpa e o ato de contrição presidencial é o retrato do
cansaço a que chegou a governação dos Açores."