O Secretário
Regional do Mar, Ciência e Tecnologia anunciou, na Horta, durante a reunião do
Conselho Regional das Pescas, uma proposta de criação de quotas regionais para
algumas espécies que “necessitam de acompanhamento mais sério”, nomeadamente
abrótea, boca negra, cântaro, caranguejo real, congro, melga, sapateira e veja.
Gui Menezes
salientou que os valores apresentados têm como base “o historial dos últimos
anos”, assegurando que esta medida não vai ter “grande impacto em termos da
média de capturas” daquelas espécies.
Gui Menezes referiu ainda que o Executivo
pretende introduzir quotas para várias “espécies mais sensíveis” enquanto
captura acessória, nomeadamente badejo, mero, raia, rinquim, tintureira e
cação.
“Com estas
medidas, julgamos que estamos a atacar outro problema relativamente a espécies
mais sensíveis e vulneráveis e todos compreendem que temos de ter medidas mais
restritivas”, frisou o Secretário Regional.
Durante a
reunião foram também apresentados os resultados das medidas de gestão
implementadas para espécies de elevado valor comercial como o goraz e os
'beryx' (imperador e alfonsim).
O governante
propôs algumas alterações no modelo de gestão dos 'beryx', estando previsto
que, em 2020, cada embarcação de pesca capture por maré 1% da quota atribuída à
Região, sendo que atualmente o valor é de 1,5%.
Atingindo-se um
nível de utilização de 70% da quota atribuída aos Açores para os 'beryx', é
interdita a pesca dirigida ao alfonsim (Beryx splendens), ficando as descargas
limitadas a capturas acessórias até 5% do total descarregado por embarcação em
cada maré de pesca, enquanto a pesca dirigida à espécie imperador (Beryx
decadactylus) poderá continuar a ser realizada até ao consumo total da quota
atribuída para as duas espécies.
Nesta reunião,
foram apresentados os resultados do modelo de gestão implementado desde 2018,
que resultou no aumento significativo do rendimento obtido para estas duas
espécies, bem como numa distribuição mais equitativa das capturas por um maior
número de embarcações.
Outra medida
anunciada pelo Secretário Regional foi a criação de um regime de apoio ao abate
voluntário de artes de pesca “menos seletivas e mais lesivas do ambiente
marinho”, nomeadamente redes de emalhar, palangre de fundo e armadilhas, “com
determinados critérios” que serão definidos.
Segundo Gui
Menezes, existe em algumas ilhas excesso de redes de emalhar, o que tem
implicações na conservação dos recursos mais costeiros, defendendo, por isso, a
necessidade “de atuar para que o esforço de pesca com essas artes diminua”.
O Secretário
Regional referiu ainda que o regime de abate de embarcações, no âmbito da
aplicação dos auxílios de ‘minimis’, “vai continuar em 2020, com algumas
alterações de critérios”, acrescentando que “a verba disponível para este ano
esgotou”, tendo sido efetivados 19 processos de cessação de atividade.