Não é segredo para ninguém que
tenho um imenso orgulho em ser graciosense. Quem me conhece, sabe muito bem o
que estou a dizer, até porque nunca consegui disfarçar ou esconder esse
sentimento, seja em que circunstância for.
Não estarei sozinho, nesta
matéria.
Muitos graciosenses são como eu, não tenho qualquer dúvida, e tal como nós existem muitos açorianos que sentem o mesmo pelas suas ilhas.
Não consigo definir a
“graciosensidade” como o Victor Rui Dores já o faz há imensos anos, inspirado,
como ele próprio reconhece, no conceito de “açorienidade” de Vitorino Nemésio,
mas não podia estar mais de acordo com a frase que publicou em dezembro de
2013, e cito, “a minha graciosensidade é precisamente o meu apego e o meu amor
incondicional pela ilha Graciosa, é a minha marca de identidade e de
identificação com o espaço graciosense”, fim de citação.
Este orgulho, que referi no
início, é suportado por coisas simples. Desde as belezas naturais, passando
pelo património construído, não esquecendo a arte de bem receber e os
resultados da participação desportiva.
Também concordo que a nossa
dimensão ultrapassa os 62 quilómetros quadrados de superfície que a ilha
encerra e, por isso mesmo, abomino quando alguém se refugia na nossa pequenez
para desculpar tudo.
É na Graciosa que ainda vive e
nidifica o Painho de Monteiro, ave única no mundo. É na Graciosa que se situa a
Furna do Enxofre, a maior abóboda vulcânica da Europa. É aqui que se produz a
Queijada da Graciosa, célebre pelo seu sabor e por ser o primeiro produto a
ostentar a marca Açores. É na Graciosa que se produz vinhos e aguardentes de
excelência, alguns já premiados por diversas vezes.
O Cláudio Bettencourt voa nos
ralis e obtém resultados de excelência. A Mainara Rodrigues brilhou, por duas
vezes, ao vencer provas nacionais. O Sport Clube Marítimo venceu uma Taça
Açores e também subiu à Série Açores de Futebol onde se mantém entre os
melhores da Região. O Graciosa Futebol Clube já esteve em duas finais da Taça
Açores e mantém, há vários anos, uma escola de futebol ao nível das melhores da
região e que tem revelado excelentes atletas. O Santa Cruz Sport Club venceu a
Taça Açores e duas vezes a Série Açores da II Divisão de Voleibol em femininos
e já foi campeão regional por diversas vezes nos escalões de formação de ambos
os sexos. A Associação Cultural Desportiva e Recreativa já foi campeã regional
de infantis masculinos em andebol e já produziu diversos campeões regionais de
atletismo. A seleção de Sub-12 de Futebol arrancou, muito recentemente, um tão
honroso como inédito segundo lugar. A Escola Básica e Secundária venceu, este
ano, os Jogos Desportivos Escolares.
Agora chegou a vez do Sporting
Clube de Guadalupe nos brindar com um resultado que, muito certamente, ficará
na história desportiva da Ilha Graciosa, ao vencer o Campeonato dos Açores de
Futebol e garantir, por esse facto, o acesso, na próxima época, ao Campeonato
de Portugal.
Com poucos recursos e com muitos
graciosenses no seu plantel, onde se inclui o treinador Jimmy Cunha, dirigido
por uma direção voluntária e voluntariosa, encabeçada pelo Manuel Bernardino,
este clube conseguiu obter um resultado só ao alcance de muitos poucos.
Nestas coisas, tal como na vida,
não é necessário ganhar sempre, mas torna-se imperioso tentar sempre, com
humildade e dedicação.