Fiquei curioso acerca do acerto de contas com a Graciosa em
confronto com o programa eleitoral do PS de 2012 e fui procurar o que era dito
sobre o grau de cumprimento de alguns assuntos que interessam aos Graciosenses
e para os quais foram prometidas resoluções.
É um facto que prometer reabilitar estradas em 2012 e depois
dizer que não o fazem, porque há limitações ao financiamento comunitário por
culpa do Governo da República é uma desculpa esfarrapada, principalmente quando
na mesma rubrica de reabilitação de estradas encontramos uma estrada com obra a
decorrer e outras em que dizem estar com projectos em curso. Podia dizer-se que
a obra que está a decorrer não tem fundos comunitários associados, mas não é o
caso e até lhe chamaram “intervenção em circuito logístico terrestre”, com mais
de 800 mil euros de fundos europeus!
Por aqui fiquei céptico com esta revista que se apresenta
como uma prestação de contas, mas que rapidamente se tornou num instrumento de
propaganda com meias verdades.
Mas se as estradas podem parecer um somenos na visão
integradora do desenvolvimento da ilha, que não se limita a obras e betuminoso,
descubro, confesso que sem espanto, que o PS considera que a promessa de 2012
de “Reforçar a importância da Graciosa como destino de turismo termal” é uma
“medida em funcionamento”!!!
Ora, se o que se passa com as Termas do Carapacho e a sua
relação com o prometido reforço da importância da ilha como destino turístico é
uma “medida em funcionamento”, ficaram os Graciosenses a saber que o conceito
de uma “medida em funcionamento” é uma coisa sem sentido, sem razoabilidade e
sem correspondência com a realidade.
A legislatura terminará sem que as Termas do Carapacho
possam ser uma mais-valia para o reforço da ilha como destino de turismo termal
e com o escândalo de se terem gasto mais de 3 milhões de euros para uma
valência em estado devoluto e consideram isso uma medida em funcionamento?
Ficamos esclarecidos quanto ao conceito de “medida em
funcionamento” para quem governa há 20 anos consecutivos e que traduzido
significa: Não cumprido!
Encontramos o mesmo conceito na área da saúde: “deslocações
de especialistas” e “estabilidade do quadro médico”, são “medidas em
funcionamento”, ou seja, como bem sabem os graciosenses: não cumprido!
Como caricatura de uma revista de pré-campanha que
acompanhou a visita do Governo Regional, encontro essa preciosa informação de
que está em execução a requalificação da escola da Praia. Como? Está em
execução a requalificação da escola da Praia? Fiquei ainda mais esclarecido,
afinal esta revista não se destina a prestar contas, mas sim a fazer de
conta!!!
Faz de conta que uma “medida em funcionamento” é algo que se
está a fazer e de que uma obra prometida não implica a sua execução, mas uma
declaração de que se pretende executar.
Os graciosenses merecem mais respeito!
Muito mais poderia apontar sobre estas manigâncias, mas não
podia terminar esta crónica sem falar da notícia que rematou o dia em que o
Governo Regional terminou a sua visita à Graciosa: uma doente oncológica,
idosa, a necessitar de cuidados paliativos, não os pode obter gratuitamente em
S. Miguel pois não pode viajar devido o seu estado de saúde. A alternativa é o
Serviço Regional de Saúde ficar com 80% da sua reforma de pouco mais de 300
euros para lhe prestar os cuidados de que necessita na ilha. Uma vergonha para
quem se diz socialista!!!