Se há empreendimento público que retrata o apodrecimento do
regime socialista que governa os Açores vai para 20 anos são as Termas do
Carapacho, na Ilha Graciosa.
Trata-se de um verdadeiro "case study" de falta de
rigor e de incompetência do executivo liderado(?) por Vasco Cordeiro, a que se
juntam um rol de personagens do quotidiano político dos Açores que se
instalaram em pequenos poderes e que só não olham o tempo todo para o seu
umbigo quando a proeminência da barriga os ocupa na autosatisfação de uma gula
pelo poder e pelo domínio da sociedade.
As Termas do Carapacho são um fetiche de um orgulho de
regime que se entretém a dar desmando aos milhões dos fundos comunitários e
que, seis anos depois de ali se terem enterrado três milhões de euros, voltam a
ser um problema de que ninguém é responsável e que atira ainda mais para a
periferia do isolamento a ilha Graciosa e as extraordinárias águas termais que
podiam, e deviam, estar ao serviço da população e dos seus visitantes.
Bem pode Vasco Cordeiro pregar uma espécie de moral
imaginária para as suas plateias repletas de dirigentes públicos atemorizados
com o desgaste do regime e com os seus casos de doutorada incompetência, que
isso não resolve os problemas dos Açores e, muito menos, os problemas de ilhas
que deprimem às mãos de um poder defunto de responsabilidades.
Em seis dos vinte anos de poder exercido em comunhão com um
dote de milhares de milhões de euros, as Termas do Carapacho passaram de um
local onde se faziam tratamentos de reumatologia, benzidos por águas de
excelência que dispensam certificação em rótulo, para um desvario de gastos em
obras em cima de obras e sempre sem que um qualquer responsável executivo
instalado há muitos anos fosse chamado à responsabilidade não só pelos erros
cometidos mas, sobretudo, pelos prejuízos causados à ilha Graciosa e à oferta
termal dos Açores.
Pode, ainda, Vasco Cordeiro tocar a rebate para que todos os
seus confessos botem sentido na manutenção de um poder que os isenta de prestar
contas a quem quer que seja, que isso não inibe
os 20 anos que o regime carrega em ombros e que, para o bem e para o
mal, merece a responsabilização política ou outras, se tal couber no âmbito das
decisões tomadas ou das omissões cometidas.
As Termas do Carapacho ainda funcionam a menos de meio gás,
mas isso não impede que, a cada vez que um responsável político do poder se
predispõe a uma declaração pública sobre o assunto, tudo vá bem encaminhado
para resolver os problemas que, imagine-se, foram criados pela empenhada
vontade em dar o melhor aos seus concidadãos.
Bem pode pois Vasco Cordeiro, de peito aberto, clamar por um
futuro com novos protagonistas e arrojadas políticas, que isso não esconde ou
sequer turva a sua própria sombra e aqueles que nela se deleitam ou escondem em
novas roupagens como se de novos intervenientes se tratassem. É que não basta
entrarem por uma porta diferente para ocupar um novo posto que os fará
reconvertidos depois de serem recauchutados.
Tal como nas Termas do Carapacho, também as sucessivas
requalificações, umas após as outras, trouxeram somente um ânimo fugaz de que
tudo iria melhorar para depois, de novo, tudo regressar ao ponto de partida.
Afinal, o que é mais milhão menos milhão para quem assim procede?
Depois de muitos prejuízos e de sucessivos erros não se
conhece um único momento em que o poder dos Açores tenha olhado para o espelho
e sentido responsabilidade. Caberá aos açorianos notá-lo quando tiverem
oportunidade.