Nos últimos 10 anos, foram orçamentados pelo Governo
Regional para a Graciosa 262 milhões de euros. Muitos Graciosenses ficam
incrédulos com este valor. Muitos açorianos acharão que isto é um disparate.
Outros perguntam sobre os resultados desses milhões.
É importante esclarecer que estes 262 milhões de euros são o
valor inscrito pelo Governo e não significam investimentos pois as execuções
deixam muitos desses milhões "na gaveta", perdendo-se a oportunidade
do investimento. Esta tese é contrariada por socialistas que dizem cumprir com
tudo o que prometem - ou pelo menos assinalam grandes percentagens de promessas
cumpridas - e reafirmam que as críticas que fazemos são pura maledicência que
não reflecte a eficácia da governação.
Se assim fosse, ou seja, se executaram nos últimos 10 anos
os tais 262 milhões de euros na ilha por que razão a Graciosa não é hoje um
modelo de desenvolvimento? Quais os motivos para que uma pequena ilha não seja
hoje pujante economicamente e geradora de emprego e riqueza dos seus
habitantes?
Poderia dizer-se que isso não acontece, porque o dinheiro não
chegou a ser gasto ou, em alternativa, porque foi mal investido.
Nestas explicações inclino-me mais para a primeira, isto é,
os milhões constam no papel mas não chegam a ver a sua execução e, por isso,
são apenas fruto de anúncios para deleite de socialistas mais efusivos ou para
enganar alguns mais distraídos que não chegam a fazer contas sobre o que é
prometido e o que, de facto, é feito.
Também é verdade que existem alguns investimentos mal
executados ou em que o dinheiro foi atirado para cima dos problemas sem os
resolver.
Exemplo mais do que conhecido de investimentos em que se
gastaram milhões e que tiveram um resultado desastroso é o caso das Termas do
Carapacho - onde foram atirados milhões para cima de um problema e conseguiram
fechar as portas de uma valência que deveria ser uma das mais acarinhadas pelo
poder socialista.
Outros exemplos existem e os Graciosenses conhecem bem os
resultados de algumas despesas milionárias que, certamente, serviram alguém mas
deixaram de fora uma grande maioria da população.
Quando constatamos estas discrepâncias entre o que é
prometido e os resultados que teimam em não aparecer não podemos calar a nossa
voz de denúncia e de crítica à incompetência de um Governo que se instalou no
poder, há já 20 anos, e que ficou com as vistas turvas perante problemas que
não consegue resolver.
Diante disso, os habituais defensores do regime, alguns
dependentes do poder e da sua perpetuação, costumam adoptar uma de duas
atitudes: ou se desculpam com as dificuldades de resolver os problemas de uma
ilha pequena e isolada (ao que nos apetece questionar: então por que prometeram
soluções?) ou então chutam a bola para o adversário e acusam-nos de estar
sempre a falar mal deles, coitados, que tudo fazem para inverter o rumo
desastroso que desenharam para a sua própria governação.
Sobre esta última questão - das críticas à incompetência
governamental - não posso deixar de dizer que nada me daria mais prazer do que
apontar grandes sucessos à governação dos Açores no que à Graciosa diz respeito.
Isso seria sinal de que a ilha tinha encontrado um rumo de desenvolvimento que
nos desse motivos de satisfação. Mas quando olhamos para a dura realidade
perguntamos sempre onde está a prometida coesão social e territorial? Onde anda
o mercado interno? Onde está o sucesso das políticas de fixação de jovens? Onde
andam, afinal, os tais 262 milhões de euros?