
Exposição “A Calçada Portuguesa no Mundo”
Na preparação da exposição “A
Calçada Portuguesa no Mundo”, que associava a Câmara Municipal de Santa Cruz da
Graciosa, ocorreram os seguintes factos e evidências:
1º Em Outubro de 2013, aquando da deslocação do autor e
proprietário da exposição a esta ilha, numa reunião no Museu, ficou acordado
entre Ernesto Matos, Franco Ceraolo e Jorge Cunha, a realização da referida exposição na sala de exposições temporárias
do Museu, a partir da primeira semana do mês de Agosto de 2014, em alternativa
à sua concretização no Reservatório de Água do Atalho, não obstante os
trabalhos de levantamento efectuados por Franco Ceraolo com a colaboração de Agostinho
Espínola, Assistente Operacional do Museu.
2º Na sequência deste compromisso a três, em Dezembro de 2013,
inscrevi a referida exposição no Plano de Actividades do Museu para 2014, que
foi aprovado superiormente.
3º No dia 28 de Fevereiro de 2014, recebi de Ernesto Matos, por
escrito, a reconfirmação da realização da exposição no Museu.
4º A 16 de Abril de 2014, recebi um e-mail da Associação Cross-Over,
reencaminhado por Ernesto Matos, cujo conteúdo passo a citar: “ontem Manuel Jorge Lobão e eu (Franco
Ceraolo) tivemos a confirmação por parte do Presidente da Camara Municipal de
Graciosa, que o lançamento do livro e a exposição fotográfica “A Calçada
Portuguesa no Mundo” será feita na altura das Festas de Santo Cristo, no
Pavilhão Multiusos na Praça São Francisco de Santa Cruz. Entao podes comunicar
esto ao Diretor do Museu de
Graciosa, Jorge Cunha”, fim de citação.
Por que razão surge a Associação
Cross-Over nesta exposição se não era entidade parceira? E porque razão a
Associação Cross-Over se “apropria” e altera o local da realização da exposição
sem consultar previamente o Director do Museu?
Afinal, que entidade parceira foi
afastada do projecto? Sem dúvida alguma o Museu da Graciosa!
Quando o comunicado da Cross-Over
refere que “o Director do Museu, Jorge Cunha, em tempos envolvido em projecto
similar”, só falta acrescentar “por nós afastado”.
Projecto similar! Qual? Existiu
porventura outro projecto? Claro que não! O único projecto existente reporta-se
à exposição “A Calçada Portuguesa no Mundo”, acordada entre os três parceiros
em Outubro de 2013, o qual a Cross-Over não integrava.
Sob os subterfúgios de linguagem
“em tempos envolvido em projecto similar, que na altura ficou em estado apenas
embrionário”, o comunicado da Cross-Over teve dois fins em vista: distorcer e
falsear a verdadeira ocorrência dos factos para confundir o público e ocultar a
sua “manobra” de “apropriação” da exposição. Acusar injustamente o Director do
Museu de “apropriação” da exposição, através da deturpação dos factos apresentados,
é em sim mesmo uma “manobra” da Cross-Over e um acto inqualificável, que só
pode ser de má-fé, uma vez que o Museu integrava o projecto. A distorção dos
factos assim o demonstra. Logo, conclui-se que não foi o Director do Museu que
se “apropriou” da exposição, mas sim a Associação Cross-Over.
Livro “Graciosa-Calçada a Mosaico”
Na edição deste livro, a
sequência cronológica dos factos foi a seguinte:
1º Ernesto Matos, por escrito, desvincula-se da Associação
Cross-Over, a 24 de Maio de 2014.
2º A 26 de Maio de 2014, Ernesto Matos, por escrito, informa Jorge
Cunha de que “a partir de agora sou eu a tratar dos assuntos relacionados com a
exposição e o livro”.
3º Ernesto Matos também contacta o Presidente da Câmara Municipal
de Santa Cruz da Graciosa, por e-mail e carta registada, ambos de 26 de Maio de
2014, comunicando que se desvinculou da Associação Cross-Over e solicitando
apoio financeiro para a edição do livro, realçando que todo o processo está a
seu cargo.
4º Na segunda semana do mês de Junho de 2014, numa fase em que o
livro estava prestes a ser editado, Ernesto Matos solicita a colaboração do
Museu no prefácio desta obra.
5º Em Agosto, sob a liderança e a pedido de Ernesto Matos, a Câmara
Municipal e o Museu colaboraram na montagem da exposição e na preparação do
lançamento do livro no Pavilhão Multiusos.
Se a Câmara Municipal considerou
o livro de importância cultural para a ilha, apoiando-o financeiramente,
entendendo que era uma edição apenas de Ernesto Matos, por que razão o Museu não
poderia colaborar com o prefácio?
Neste processo também não se entende
existirem “manobras mesquinhas” de “apropriação” indevida do trabalho de
alguém, uma vez que o projecto (a edição do livro) foi conduzido pelo próprio
autor e o contributo do Director do Museu se limitou à colaboração com o
prefácio do livro, a seu pedido e em data posterior à sua desvinculação da
Cross-Over. Na realidade, o projecto ficou nas mãos do próprio autor. Querer
associar o Director do Museu à “apropriação” indevida do referido livro é um
abuso desprovido de qualquer fundamento, uma distorção dos factos e um acto difamatório
com objectivo intencional de atingir o Director daquela instituição.
Quanto à desvinculação de Ernesto
Matos, pouco se pode dizer, mas hoje percebemos que se tratou de
desentendimentos internos no seio da Associação Cross-Over relacionados com a
publicação, garantia de pagamento à gráfica e atrasos na tradução do livro,
entre outros motivos.
Se a Cross-Over sabia das razões
identificadas por Ernesto Matos, por que motivo no seu comunicado oculta estes
factos da opinião pública? O objectivo é óbvio, invocar razões externas,
recorrendo à culpabilização e difamação de outrem, para desviar as atenções
públicas dos problemas internos da associação.
Depois do que foi dito e das
evidências apresentadas, não deixo de registar e reprovar com veemência as
“manobras” da Associação Cross-Over, pretendendo denegrir a minha imagem e o
cargo que exerço com zelo de Director do Museu da Graciosa e para o qual tenho
vindo continuamente a actualizar-me com estudo, trabalho e dedicação superiormente
avaliado com mérito, quer em contexto académico, quer em termos profissionais.
Conjuntamente com outros
parceiros, locais ou do exterior, onde sobressaem as filarmónicas, os grupos de
teatro, os coros, artistas e intelectuais de mérito reconhecido, o Museu da
Graciosa tem desenvolvido um trabalho que é valorizado na ilha e no exterior. Esta
instituição, como sempre o fez, vai continuar a trabalhar com artistas e
intelectuais, mas sobretudo, com toda a população, instituições, associações e
aqueles que diariamente nos visitam e procuram a nossa colaboração.
Graciosa, 1 de Setembro de 2014
Jorge António Cunha
Mestre em Património e Museologia
Director do Museu da Graciosa