Durão Barroso, numa recente
aparição pública ao lado do primeiro-ministro, referiu que as verbas
comunitárias que aí vêm são uma pipa de massa e, com ar indignado, ordenou que
se calassem os que consideravam que a União Europeia não era solidária com Portugal.
Estas afirmações, proferidas no
atual contexto económico, são de muito mau gosto e soam a ressabiamento de quem
podia ter feito muito mais por Portugal.
Não podemos esquecer, e o povo
não esquece esse tipo de coisas, que Durão Barroso está associado à troika e foi aquela instituição, essa
sim, que sacou do bolso dos Portugueses milhões e milhões de euros à conta do
acerto das contas públicas que, afinal, continuam por acertar.
Ainda para mais sabe-se agora que
muita gente por essa Europa fora duvida da eficácia das medidas draconianas que
nos foram impostas ao longo destes últimos três anos e qua atirou para a
miséria muitos cidadãos que, logo de seguida, se aperceberam do desaparecimento
de medidas de apoio social que lhes podiam valer.
O comum dos cidadãos também tem
dúvidas se valeu a pena todo este esforço para baixar a dívida pública que,
afinal, neste período de tempo subiu dos 94% do PIB em 2010 para os atuais
132%. Também nos interrogamos se era necessário empurrar tanta gente para o
desemprego com o encerramento de muitas empresas sobretudo de pequena e média
dimensão, aumentando a respetiva taxa que, curiosamente, regista uma ligeira
melhoria à custa dos 129 mil Portugueses, mais de 50% jovens, que resolveram
abandonar o seu país, só no ano 2013.
No que concerne a uma boa
aplicação dos fundos, também referida nessa infeliz comunicação, nenhum de nós
poderá esquecer que quem fez essa recomendação foi líder, durante dois
mandatos, da Comissão Europeia que é, tão só, a entidade que aprova os projetos
e que é responsável pela boa aplicação dos fundos comunitários.
Graciosa, 5 de Agosto de 2014.
José Ávila