De passagem
pelos Açores, a disputa interna no PS trouxe o candidato António Costa que
assumiu ter por referência aquilo que considerou ser a "boa
governação" dos Açores pelo PS. Segundo o candidato a candidato tivemos
nos Açores “um bom exemplo de governação, onde a democracia se aprofundou, onde
as finanças públicas foram bem geridas e onde o ciclo de desenvolvimento
económico foi absolutamente único na história das autonomias e na história dos
Açores".
Esta afirmação,
naturalmente dirigida a quem não conhece os indicadores sociais e económicos
dos Açores nem tão pouco o regime de partido único que se tem vindo a
consolidar nas ilhas, parte de uma premissa falsa: a de que o ciclo de
desenvolvimento dos já 18 anos de governo socialista foi único na história das
autonomias.
E a falsidade
desta premissa assenta no facto de nos últimos 18 anos o Pib dos Açores ter
crescido a uma média de 1% ao ano quando, antes do PS ser governo, vinha
crescendo a 1,5% de média anual.
Assim, errando
na premissa de que os Açores se têm desenvolvido mais com governos socialistas
do que em toda a sua história, António Costa revelou apenas o sentido
demagógico da afirmação que proferiu.
Por outro lado,
é de assinalar que o candidato, apoiado pela elite rosa dos Açores, acha que os
Açores são o seu grande exemplo de boa governação. Apoiando-se na suposta boa
gestão das finanças públicas, mas esquecido de que, actualmente nos Açores, a
taxa de desemprego é de 16% e em Portugal regista uma média de 13,9%.
Mas esta questão
do elogio à finança pública regional (que António Costa não ignorará assentar
na dependência externa e em avales ao assumir de dívidas pelo sector público
empresarial), leva-nos a questionar se o candidato a candidato a
primeiro-ministro quererá levar para o Continente este modelo socialista dos
Açores, em que não é só o drama do desemprego que revela as dificuldades dos
Açorianos, são muitos outros indicadores que nos demonstram a falta de retorno
dessa suposta boa finança pública no desenvolvimento da Região.
Na verdade os
Açores continuam sendo a região mais pobre de Portugal. Já o eram aquando dos últimos
dados oficiais conhecidos para a região (2011).
Pois, já nessa altura, tinham níveis de pobreza superiores aos que hoje
tem Portugal, isto é: antes do resgate e da austeridade já havia mais pobreza
nos Açores do que aquela que se verifica em Portugal depois deste ter sido
resgatado da bancarrota!
Basta ver que,
por exemplo, no RSI, destinado aos mais pobres de entre os pobres, os Açores
tinham uma incidência em 2013 de 117,26 beneficiários por cada mil residentes
em idade activa, ao passo que no Continente esse valor era de 38,59 por mil e
na Madeira de apenas 35,19.
Mas já era assim
em 2011, antes do resgate de Portugal, em que os Açores tinham 116,28
beneficiários de RSI por cada mil residentes em idade activa.
Se juntarmos
ainda dados sobre abandono e insucesso escolar, alcoolismo, violência
doméstica, gravidez na adolescência, mortalidade infantil, poder de compra,
índice de desenvolvimento, rendimentos médios, pensões médias, apoio social
escolar, limiar e risco de pobreza, desemprego, e muitos outros em que
infelizmente não somos exemplo de "boa governação", teremos de
concluir que a estratégia é ser socialista e pobre, pois pelos vistos
complementam-se.