Um recente artigo na blogosfera regional dedicada aos transportes marítimos (O Porto da Graciosa), dava
conta do dinamismo de um empresário agrícola graciosense e da forma como
conseguiu fazer algo que nem o Governo Regional foi capaz: dar aos navios
fretados para o verão as características de navios preparados para criar o
mercado interno regional.
É certo que as formas de exportar produtos
agrícolas, tendo sempre de levar condutor e possuir veículos adequados, não
privilegia a competitividade. Pelo menos em termos de escala!
Mas se fosse falar de juntar esforços e ganhar
competitividade pelo aumento de escala e de mercado tinha de entrar pela
questão das tentativas de juntar produtores em projectos falhados de onde estes
saíram por descrença e saturação!
Tenho, todavia, que reconhecer que o referido
empresário agrícola meteu o engenho a seu favor e fez exportação via marítima
de produtos frescos, coisa que, estranhamente, só acontece com produtos
importados dos mais variados destinos por esse mundo fora!
A questão fundamental é que pequenas ilhas como a
Graciosa, com capacidades produtivas, mas sem acesso a formas de aumentar a sua
competitividade, ou os seus mercados, precisam de resolver este assunto sob
pena de condenarem as suas ambições de futuro.
Para médias explorações, que geram mais emprego e
riqueza, o mercado de ilha é pequeno, mas se juntarmos a ilha ao lado, a outra
mais em cima, aquela mais a norte, então sim teremos mercado interno, sem
temores ou aflições, porque o engenho do homem encontra sempre forma de chegar
onde pretende!
Neste contexto, veio também preencher o nosso
Verão a iniciativa da Atlanticoline em promover produtos dos Açores nos seus
navios. Uma espécie de humor sarcástico da empresa, principalmente se nem
sequer se pode sair do Navio para umas comprinhas em portos como o da Graciosa,
e que tanto jeito dava àqueles que produzem alguns dos produtos que a empresa
promove.
É fina ironia oficial, muito comum nos Açores, a
servir de fachada à falta de capacidade política de conseguir colocar em execução o desejado mercado interno.
Mas se já de si é mau que o governo não seja capaz
de transformar os Açores numa região económica (mesmo que o conceito seja uma
impossibilidade para um socialista), muito pior é quando nem sequer programa o
seu trabalho para ajudar os açorianos, como acontece com a impossibilidade dos
turistas que andam nos barcos dos Açores fazerem umas compras nas localidades
onde aportam, até ao seu destino.
Outros empreendedores correm por esses Açores,
atrás das oportunidades que escapam por entre as inconsequentes e imprudentes
gestões políticas e partidárias que teimam em cerrar fileiras por detrás de
interesses nem sempre confessáveis, e que nunca trazem retorno positivo!
Excepto, eventualmente, num ou outro voto exigido ou num ou noutro emprego prometido!
Em breve completa-se metade do mandato governamental da quinta
legislatura de governos do PS Açores. A maior expectativa para a metade que
falta começa a ser a de que termine depressa!