Filho de Odorico Maria Santos e de Maria
da Guia dos Anjos Santos, um casal de agricultores do Lugar das Fontes,
Freguesia de Santa Cruz da Graciosa. Este casal esteve 18 anos emigrado nos
Estados Unidos da América e aí nasceu Odorico Santos, o segundo mais novo de 10
irmãos.
Odorico Santos veio para a ilha Graciosa
com os pais na véspera do seu sétimo aniversário e não vai para a escola,
começa sim a trabalhar com o pai na agricultura, actividade que viria a ter
durante toda a sua vida.
A 15 de Dezembro de 1945, casou com Maria
Livramento Santos, com quem teve dois filhos homens. Nesta altura dedicava-se
ainda à agricultura, tendo sobretudo gado e é para continuar a trabalhar na agricultura
que em 1950 volta aos Estados Unidos, onde nasceu.
Odorico Santos vai trabalhar para os
Estados Unidos sozinho, deixando a mulher e os dois filhos ainda pequenos, para
poder trabalhar e ganhar mais algum dinheiro. Foi para a Califórnia trabalhar para
uma exploração agrícola, em que ao fim de 6 anos já era feitor de uma das
maiores leitarias da América. Assim esteve em trabalho árduo durante 12 anos,
sem nunca conseguir vir à ilha Graciosa de visita, até que regressou de vez a
14 de Outubro de 1962 para junto da sua família. A única forma de contacto com
a família naquela altura era através de cartas, que sozinho aprendeu a
escrever, pois nunca andou na escola.
Em 1963 um amigo seu, Frank Leandro também
regressa dos Estados Unidos e formam uma sociedade para construir a primeira
padaria industrial da ilha Graciosa e também uma debulhadora.

A padaria foi construída de raiz na
localidade do Corpo Santo, obras que duraram cerca de 1 ano. Em Outubro de
1964, cozeu-se pão pela primeira vez. O negócio começou com pouca quantidade de
pão produzido, nos primeiros tempos era necessário apenas 1 saca de farinha
para corresponder à procura.
A distribuição de pão pela ilha começou a
ser feita com uma carrinha que adquiriram, enquanto que pela vila de Santa Cruz
o pão era distribuído com um carrinho de mão.
Com as dificuldades iniciais e pouca
procura, durante algum tempo o negócio, que contava com 3 funcionários, não
dava lucro e Odorico Santos ia investindo o dinheiro que tinha amealhado
durante aquela larga temporada na América. Se o negócio não melhorasse tinha já
decidido que voltava para a América, desta vez levando toda a família consigo.
Em 1985 passa a designar-se Odorico e
Santos Limitada, pois o filho mais novo regressa dos EUA com a família e
ingressa no negócio do pai, ajudando a modernizar e ampliar a área coberta da
padaria.
Mesmo depois de já estar reformado,
Odorico Santos continuou a trabalhar e a ajudar na padaria, o que só deixou já
quando tinha mais de 70 anos. Nessa altura doa a sua parte da firma Odorico e
Santos Limitada à sua nora Goreti Santos, que junto com o marido, filho de
Odorico, Manuel Santos são até hoje os donos da Padaria Odorico Santos.
Um negócio que começou quase por acaso,
pois com as sugestões que as pessoas lhe foram dando, decidiu enveredar por
esta ideia de negócio, criando a primeira padaria industrial da ilha.
Assim pela sua mão chegou à Graciosa a
indústria de panificação, com a produção e distribuição ainda na década de 60.
Apesar de não ter nascido nesta ilha,
considera-a como a sua terra e foi nela que investiu.
Um Homem notável e empreendedor que a
Rádio Graciosa homenageia.