Era filha natural da terceirense Adelaide Reis e de Cirino Victor Silva nascido em Santa Cruz da Graciosa.
Desde cedo que o percurso de vida de Maria Madalena Reis se ligou ao ensino pois que ela e sua mãe recebiam em casa meninos e meninas que albergavam e educavam, assim como se fosse um pequeno colégio.
A par disso foi funcionária do Monte-Pio Terceirense durante alguns anos.
Cerca de 1935, em consequência da morte de sua mãe, Madalena Reis pede auxílio à casa paterna, mais precisamente à viúva do seu pai, Luísa Luz Correia da Silva, que a manda vir para a Graciosa albergando-a na casa da rua Dr. Manuel Correia Lobão, nº 13, onde permanecerá até à sua morte.
Inicia-se então, na Graciosa, a actividade lectiva de Maria Madalena Reis como professora particular, numa casa à data pertença da família, na Rua Nova onde actualmente está instalada a Polícia Marítima.
Várias gerações de graciosenses aí aprenderam as primeiras letras e outras ensinanças consideradas necessárias à formação dos jovens de então. Apresentavam-se a exame conseguindo, numa muito significativa percentagem, classificações de muito bom e excelente.
A professora Madalena Reis era de muitos conhecida. Nunca tendo casado, sempre vestida com o hábito do Carmo, o seu corpo foi-se ao longo dos anos encurvando dando-lhe desde muito cedo a aspecto de muito mais idade que a real.
A sobrinha Maria Luísa descreve a escola de Madalena Reis da forma seguinte:
“Era uma escola bizarra, a minha escola.
Não tínhamos carteiras, nem batas, levávamos as nossas cadeirinhas que dispúnhamos em fila, em frente da secretária onde ela nos ensinava.
Em cima de nós uma vigilância cerrada. Nem um voltar de cabeça, nem um leve pestanejar para o lado, nem um risco mais fundo na ardósia, nem o mais leve bater das asas de uma borboleta que entrasse pela janela lhe passava em branco.
Tinha o ouvido duma gazela. Por trás dos óculos acompanhava o mais pequeno movimento, em estado constante de alerta, com todos os sentidos apuradíssimos.”
“Era uma escola de rapazinhos descalços, sem agasalhos no Inverno, uma saca de pano onde guardavam pedaços de lápis, borrachas roídas e um caderno sujo e também de meninos mimados que nas pastas tinham os livros encapados, lápis afiados e cadernos limpos.
No entanto Maria Madalena tinha um modo especial de esbater essas diferenças. Repartia ralho, castigos, mimos e cuidados e por um instante instalava-se o bulício participado por todos em segredos, bilhetinhos e olhares trocados.
A aula acabada Maria Madalena chamava cada um pelo seu nome e ia-lhes dando ordem de saída um por um.
- Até amanhã Srª Professora! - e repenicava um beijo em cada face.”
Ao ser vendida a casa da Rua Nova, a actividade lectiva da professora Madalena Reis passa a exercer-se na casa onde morava na rua Dr. Manuel Correia Lobão e outras gerações foram usufruindo dos seus ensinamentos até poucos anos antes da sua morte em 23 de Março de 1959.
Antigos alunos prestaram-lhe homenagem colocando uma placa em sua memória na casa onde morou e exerceu a parte final do seu magistério num acto de agradecimento pelo trabalho prestado à comunidade.