É filho de João
Marcelino de Freitas e Alzira Conceição da Cunha e tem uma irmã emigrada nos
Estados Unidos.
Alfredo Freitas viveu a
sua infância como qualquer outra criança daquela época, até que por volta dos
11 anos de idade uma doença mudaria a sua vida. Uma infecção, que devido aos
poucos recursos médicos da época não terá sido bem tratada, levou-o a ficar
invisual. Um processo que decorreu lentamente e que não deixou o jovem Alfredo
acabar com os seus sonhos e brincadeiras de criança.
Na mente Alfredo tinha
memorizadas as ruas de Santa Cruz, onde se movimentava como se nunca tivesse
perdido a visão. Chegou a andar de bicicleta e deslocava-se pela Vila sem a
ajuda de bengalas.
A vida de Alfredo não
foi no entanto fácil, não só devido à doença. Perdeu o pai cedo e depois acabou
por ser cuidado por uma tia. Como forma de ganhar os seus primeiros
rendimentos, Alfredo vendia água. Como ainda não havia água canalizada, Alfredo
tinha um cão com uma pequena carroça, que carregava com canecas de água, que
depois vendia casa a casa. Assim começou a ganhar o seu primeiro sustento, até
que depois virou-se para a reparação de electrodomésticos. Conserta esquentadores,
ferros eléctricos, secadores e faz chaves manualmente. Noutros tempos chegou a
fazer medições de canalizações de água. Numa certa época, trabalhou no lar de
Idosos da Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz da Graciosa, onde era um
"faz tudo".
Alfredo Freitas ou
Mestre Alfredo como é mais conhecido pelas gentes de Santa Cruz, sempre se
destacou por uma grande habilidade, apesar de não possuir visão.
O facto de ser invisual
nunca o fez deixar de viver e de potenciar as suas qualidades para os trabalhos
manuais.
Durante muitos anos
Alfredo teve ainda a função de tocar os sinos da Igreja Matriz, função que
ocupou até à instalação de relógio electrónico. Subia com grande destreza a
enorme e perigosa escadaria da torre sineira da Igreja Matriz, onde se
movimentava com grande destreza.
Alfredo Freitas, hoje
com a idade a ficar avançada, vive de forma mais sossegada e movimenta-se menos
por Santa Cruz, até porque, o aumento da circulação automóvel no Centro de
Santa Cruz diminuiu um pouco a sua liberdade.
Um Graciosense notável
pela forma como encarou a vida depois de perder a visão, sem nunca se deixar
levar pela solidão e quietude que a cegueira lhe podia ter trazido.