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Rádio Graciosa


25 janeiro 2013

Notável desta semana é Alfredo Freitas


Alfredo Maria da Cunha Freitas, nasceu a 24 de Novembro de 1934, em Santa Cruz da Graciosa.
É filho de João Marcelino de Freitas e Alzira Conceição da Cunha e tem uma irmã emigrada nos Estados Unidos.

Alfredo Freitas viveu a sua infância como qualquer outra criança daquela época, até que por volta dos 11 anos de idade uma doença mudaria a sua vida. Uma infecção, que devido aos poucos recursos médicos da época não terá sido bem tratada, levou-o a ficar invisual. Um processo que decorreu lentamente e que não deixou o jovem Alfredo acabar com os seus sonhos e brincadeiras de criança.
Na mente Alfredo tinha memorizadas as ruas de Santa Cruz, onde se movimentava como se nunca tivesse perdido a visão. Chegou a andar de bicicleta e deslocava-se pela Vila sem a ajuda de bengalas.
A vida de Alfredo não foi no entanto fácil, não só devido à doença. Perdeu o pai cedo e depois acabou por ser cuidado por uma tia. Como forma de ganhar os seus primeiros rendimentos, Alfredo vendia água. Como ainda não havia água canalizada, Alfredo tinha um cão com uma pequena carroça, que carregava com canecas de água, que depois vendia casa a casa. Assim começou a ganhar o seu primeiro sustento, até que depois virou-se para a reparação de electrodomésticos. Conserta esquentadores, ferros eléctricos, secadores e faz chaves manualmente. Noutros tempos chegou a fazer medições de canalizações de água. Numa certa época, trabalhou no lar de Idosos da Santa Casa da Misericórdia de Santa Cruz da Graciosa, onde era um "faz tudo".
Alfredo Freitas ou Mestre Alfredo como é mais conhecido pelas gentes de Santa Cruz, sempre se destacou por uma grande habilidade, apesar de não possuir visão.
O facto de ser invisual nunca o fez deixar de viver e de potenciar as suas qualidades para os trabalhos manuais.
Durante muitos anos Alfredo teve ainda a função de tocar os sinos da Igreja Matriz, função que ocupou até à instalação de relógio electrónico. Subia com grande destreza a enorme e perigosa escadaria da torre sineira da Igreja Matriz, onde se movimentava com grande destreza.
Alfredo Freitas, hoje com a idade a ficar avançada, vive de forma mais sossegada e movimenta-se menos por Santa Cruz, até porque, o aumento da circulação automóvel no Centro de Santa Cruz diminuiu um pouco a sua liberdade.
Um Graciosense notável pela forma como encarou a vida depois de perder a visão, sem nunca se deixar levar pela solidão e quietude que a cegueira lhe podia ter trazido.

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