O Governo dos Açores e o PS reafirmaram que o acordo com o Governo da
República não coloca em causa a autonomia regional, mas não convenceram a
oposição, para quem os socialistas "venderam" a autonomia a Lisboa.
“Quem não deve não teme e o PS não tem medo dos termos do memorando de
entendimento”, afirmou Vasco Cordeiro na intervenção que abriu o debate sobre
aquele acordo na Assembleia Legislativa dos Açores, na Horta.
No mesmo sentido, o vice-presidente do Governo dos Açores, Sérgio Ávila,
afirmou que o acordo “defende os Açores porque salvaguarda a região de qualquer
tentativa centralista da República de fazer com que os açorianos paguem os
problemas que o país vive”.
“Os Açores não foram responsáveis pela situação financeira do país, não
podem pagar o que não foi da sua responsabilidade”, frisou.
Uma visão diferente foi apresentada pelo líder parlamentar do PSD/Açores,
Duarte Freitas, para quem “até parece que foi o Governo Regional que assinou o
memorando para ajudar o Governo da República”.
“Se o Governo Regional não estivesse em dificuldades, não teria hipotecado
a autonomia por 135 milhões de euros”, afirmou, numa referência ao valor do
empréstimo estatal a que a região teve acesso com a assinatura do acordo.
Por seu lado, Zuraida Soares, do BE, criticou o facto de o executivo ter
“sonegado” ao parlamento regional informação sobre este acordo, recordando que,
em fevereiro, o presidente do governo, Carlos César, prometeu que o assunto
seria debatido na assembleia legislativa antes da assinatura do acordo.
As críticas vieram também de Paulo Estêvão, do PPM, para quem o Governo
Regional negociou este acordo “porque os cofres já não chegavam até 14 de
outubro”, data das eleições regionais, acusando o executivo de ter cometido um
“crime grave” contra a autonomia.
“O acordo não dignifica a autonomia”, frisou Artur Lima, do CDS-PP,
alertando os socialistas e o governo para a necessidade de terem “alguma
humildade” já que foram pedir dinheiro a Lisboa.
Aníbal Pires, do PCP, também se juntou às críticas, acusando o PS e o
Governo Regional de tentarem “transformar a água em vinho”.
“Bem pode o PS dar mortais à retaguarda, foi a política dos seus governos
que nos trouxe até aqui”, frisou.
A interpelação ao governo sobre o memorando de entendimento assinado com o
executivo nacional abriu a sessão plenária de setembro da Assembleia
Legislativa dos Açores, a última desta legislatura, que fica também marcada
pela presença da líder social-democrata, Berta Cabral, na bancada parlamentar
do seu partido.
Regional