O memorando de
entendimento entre o Governo dos Açores e a República vem submeter a autonomia regional
a um conjunto de deveres e regras que, pelo simples facto de não existirem até
esta data, significam um abdicar de uma certa soberania que se vê machucada e
violentada.
Um pouco à semelhança
do que aconteceu com Portugal após o pedido de ajuda à Troika, foram muitos
aqueles mais ligados às causas desse pedido de ajuda que vieram desvalorizar, diziam
que se tinha conseguido um acordo que eram só vantagens, que eram rosas
perfumadas, mas que depois de traduzido e relido, afinal eram mais os espinhos
que o perfume das rosas!
Todos estão
lembrados da declaração ao país de José Sócrates, primeiro ministro que levou Portugal
à humilhação, após ter assinado o acordo de resgate, todos recordam a persistente
vontade em dizer que estava tudo bem e que graças ao seu Governo as coisas
ainda eram melhores.
Todos também
sabemos que nada disso era verdade, e que o país teria de sujeitar-se a condições
muito duras para pagar as suas dívidas.
Agora assistimos
ao mesmo filme, numa versão açoriana, mas com o mesmo denominador comum.
E o que têm em
comum a situação vivida com o resgate de Portugal e agora com o resgate dos Açores
é o mesmo discurso de desvalorização, o mesmo, "está tudo bem", e os
mesmos a dizê-lo, mesmo sabendo que ninguém acredita!
Ainda há poucos
dias foi a vez do candidato do PS a dizer que "não se passa nada",
"está tudo bem"! Até este acordo dos Açores com a República "defende
a autonomia"!
Se já todos sabíamos
que o slogan do PS com os dizeres: "defender a autonomia" era um
pouco para encher a boca, agora temos a certeza que defender a autonomia parado
PS, é mesmo só uma questão de conversa!
Ao fim ao cabo estamos
perante dois momentos que em tudo são idênticos e que reflectem bem o ponto a
que se chegou nos Açores!
Pede-se ao
governo de Passos Coelho para nos salvar do incumprimento de uma dívida de 135
milhões de euros e andamos por aí a dizer que somos bons porque conseguimos
pagar a dois bancos o que devíamos, nem que para isso tivéssemos de estender a mão
a Lisboa e fossemos obrigados a contrapartidas!
Há realmente
momentos em que parece que já vimos isto acontecer com outros e adivinhamos o
resultado! Este é mais um desses momentos.
Muitos mais virão
dizer o que disse o candidato do PS agora que ele deu o mote para a
desculpabilização. E dirão que assim é que está bem feito e só não é melhor por
culpa dos outros!
É um filme que
se repete sem "suspense" e com um final já por muitos esperado!