A presidente do
PSD/Açores, Berta Cabral, considerou esta terça-feira que o acordo entre os
governos nacional e regional que permite refinanciar a dívida açoriana é uma
"ajuda que deve ser reconhecida", mas condiciona a autonomia
regional.
“É uma ajuda do Governo da
República ao Governo Regional, que não tinha condições para pagar dois
empréstimos que venceram a 06 e 19 de agosto, no valor de 50 e 77 milhões de
euros”, afirmou Berta Cabral, salientando que, sem este acordo, a região corria
o risco de entrar em incumprimento.
Para Berta Cabral, trata-se de “uma
ajuda que deve ser reconhecida”, mas a responsável frisou que os açorianos
também estão a fazer um esforço enquanto portugueses para ajudar a resolver os
problemas do país, pelo que “também têm direito a ser ajudados”.
A líder regional social-democrata,
que falava aos jornalistas em Ponta Delgada, comentava o acordo de entendimento
entre os dois executivos, através do qual o Estado proporciona a acesso a 135
milhões de euros para o refinanciamento da dívida açoriana.
Berta Cabral considerou que foi uma
“ingenuidade” do Governo dos Açores anunciar que não haveria condições para a
celebração deste acordo, recordando que “todos sabem que não há almoços
grátis”.
“Se o governo pede ajuda, tem que
ter condições de quem ajuda”, afirmou.
“Seria melhor manter a autonomia
financeira e económica, mas todos sabemos que região atravessa um período
difícil do ponto de vista financeiro e muito difícil do ponto de vista
económico”, acrescentou.
Na perspetiva de Berta Cabral,
algumas das condições impostas para este acordo “afetam a autonomia financeira”
dos Açores.
“Parto do princípio de que o
Governo Regional terá feito tudo para defender os interesses dos Açores, mas a
verdade é que cedeu a condições que penalizam a nossa autonomia política,
administrativa e financeira”, afirmou, salientando que “o que está a acontecer
é uma imposição de fora para dentro de uma contenção que já deveria ter
existido”.
O Ministério das Finanças revelou
na segunda-feira que o acordo vincula o Governo Regional a "manter uma
situação orçamental próxima do equilíbrio", a reduzir salários e número de
funcionários da administração regional e a "não promover quaisquer
parcerias público-privadas" sem autorização de Lisboa.
O acordo também obriga o governo
açoriano a "aplicar as medidas necessárias no sentido de garantir o
cumprimento integral dos objetivos" do memorando assinado entre Portugal e
a 'troika'.
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