O presidente da Associação
Portuguesa de Investigação Arqueológica (APIA), Nuno Ribeiro, revelou hoje a
existência de arte rupestre na ilha Terceira, reafirmando a convicção de que a
ocupação humana dos Açores é anterior à chegada dos portugueses
"Encontramos agora um sítio de
arte rupestre com características que nos fazem acreditar que remonta à Idade
do Bronze", afirmou Nuno Ribeiro, em declarações à Lusa em Ponta Delgada,
onde proferiu uma conferência na Universidade dos Açores sobre o tema
'Ocupações humanas pré-portuguesas nos Açores: mito ou realidade?'.
Nuno Ribeiro salientou que, nos
últimos três anos, foram descobertos em várias ilhas açorianas vestígios de
estruturas “que indiciam pela sua arquitetura e construção serem de origem
pré-portuguesa”.
“Temos um epígrafo da época romana,
segundo dois cientistas que convidamos a interpretar a inscrição, um sítio de
arte rupestre, estruturas megalíticas, enfim, um conjunto importante de
estruturas espalhadas pelas ilhas que precisam de ser interpretadas de outras
formas”, frisou.
No ano passado, o arqueólogo
anunciou a descoberta de “um conjunto significativo de mais de cinco monumentos
do tipo hipogeu (túmulos escavados nas rochas) e de, pelo menos, três
'santuários’ proto-históricos escavados na rocha”.
Nuno Ribeiro salientou que as
descobertas feitas nos Açores têm sido publicadas em artigos científicos e
apresentadas em congressos internacionais de arqueologia, obtendo “grande
aceitação junto da comunidade científica internacional”.
“Em alguns casos, acreditamos que
existem templos e hipogeus. Não temos dúvidas que existem santuários”, afirmou,
recordando, no entanto, que “todos este dados precisam de ser datados”.
Para continuar a desenvolver o
projeto, a equipa formada por investigadores dos Açores, Reino Unido, EUA, Espanha
e Alemanha necessita de autorização do Governo Regional para efetuar escavações
e datar com maior rigor os elementos já identificados nas ilhas.
“O nosso grande problema nesta fase
é que o Governo dos Açores não nos autorizou os trabalhos arqueológicos, no ano
passado por falta de financiamento e este ano por não se enquadrar num decreto
lei”, lamentou Nuno Ribeiro.
O arqueólogo, que manifestou
confiança que os elementos já identificados comprovam que a ocupação humana dos
Açores é anterior à chegada dos portugueses, alertou que todos esses vestígios
estão ao abandono.
”Na ilha do Corvo, enquanto lá
estive a passar uns dias de férias, vi obras a ser feitas no aeroporto sem
qualquer acompanhamento arqueológico”, denunciou, acrescentando que “a 300 metros
tinha sido encontrada uma estrutura com uma planta que, no Alentejo, foi
enquadrada com sepulturas”.
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