Traduzir

Rádio Graciosa


08 junho 2012

Notável desta semana é Vital Maria Pereira

Vital Maria Pereira nasceu a 10 de Janeiro de 1876 em Santa Bárbara, Angra do Heroísmo, onde viveu toda a sua infância.
Vital era já um homem casado quando veio para a Graciosa, onde viveu até ao dia da sua morte.
Ao longo da sua vida exerceu várias profissões, nomeadamente Guarda da Igreja Matriz de Santa Cruz da Graciosa e foi piloto prático, com funções de fundear todos os navios que chegavam à ilha. Foi ainda sacristão na Igreja Matriz, função que durante algum tempo exerceu ao mesmo tempo que andava no mar.
Mais tarde decidiu virar-se para o mar, sua paixão que permaneceu ao longo da sua vida.
O Mestre Vital, como é conhecido na Graciosa juntou-se a um grupo de Graciosenses e assim nasceu a Armação Baleeira da Graciosa, o que tornou este velho lobo do mar um dos primeiros impulsionadores da caça à baleia na Ilha Graciosa.
Foi o Mestre Vital que na sua qualidade de arpoador, apanhou a primeira baleia na Graciosa e como tal o primeiro cetáceo capturado pela companhia.
Depois de morta, esta baleia foi rebocada para a baía da Barra, local para onde passaram a ser rebocadas todas as baleias, para posteriormente serem desmanchadas e derretidas, para o fabrico de óleo.
A caça da primeira baleia foi um acontecimento de grande importância para a ilha e sua população e implantou-se nas gentes um sentimento geral de feito histórico.
Todos queriam ver o monstro marinho, pois nunca se tinha visto coisa assim. Foi um dia de festa e por isso a filarmónica abrilhantou a festa em que não faltou comida, bebida e surgiram mesmo alguns discursos. Para a história ficou a declaração final do discurso do Mestre Vital que disse “Viva à Baleia Morta” e assim pela mão do Mestre Vital iniciava-se a epopeia da Caça à baleia na Graciosa.
Foi a Companhia Baleeira de Santa Cruz da Graciosa, criada pelo Mestre Vital e muitos outros accionistas, a primeira legalizada que tornou a Vila de Santa Cruz da Graciosa, como um nome conhecido nos Açores na Caça à Baleia.
Os primeiros botes foram o Santa Cruz, Senhora da Ajuda e São Salvador, mais tarde foi mandado construir mais uma embarcação na ilha do Pico, que teve o nome de São João.
Mestre Vital continuou na baleação até que a idade o deixasse e faleceu já com mais de 80 anos.
Um Graciosense de coração, que muito serviço prestou aos graciosenses na sua actividade de piloto prático e implementou na ilha a caça a baleia, que durante décadas viria a ser uma actividade muito importante para a economia da ilha Graciosa.

Mais um homem de grande valor a que Rádio Graciosa presta homenagem.

Texto inspirado na obra “A Caça ao Cachalote na Ilha Graciosa”, de Rufino Pereira, neto do Mestre Vital



Twitter Facebook Favorites More