Vital Maria Pereira nasceu a 10
de Janeiro de 1876 em Santa Bárbara, Angra do Heroísmo, onde viveu toda a sua
infância.
Vital era já um homem casado
quando veio para a Graciosa, onde viveu até ao dia da sua morte.
Ao longo da sua vida exerceu
várias profissões, nomeadamente Guarda da Igreja Matriz de Santa Cruz da
Graciosa e foi piloto prático, com funções de fundear todos os navios que
chegavam à ilha. Foi ainda sacristão na Igreja Matriz, função que durante algum
tempo exerceu ao mesmo tempo que andava no mar.
Mais tarde decidiu virar-se para
o mar, sua paixão que permaneceu ao longo da sua vida.
O Mestre Vital, como é conhecido
na Graciosa juntou-se a um grupo de Graciosenses e assim nasceu a Armação
Baleeira da Graciosa, o que tornou este velho lobo do mar um dos primeiros
impulsionadores da caça à baleia na Ilha Graciosa.
Foi o Mestre Vital que na sua
qualidade de arpoador, apanhou a primeira baleia na Graciosa e como tal o
primeiro cetáceo capturado pela companhia.
Depois de morta, esta baleia foi
rebocada para a baía da Barra, local para onde passaram a ser rebocadas todas
as baleias, para posteriormente serem desmanchadas e derretidas, para o fabrico
de óleo.
A caça da primeira baleia foi um
acontecimento de grande importância para a ilha e sua população e implantou-se
nas gentes um sentimento geral de feito histórico.
Todos queriam ver o monstro
marinho, pois nunca se tinha visto coisa assim. Foi um dia de festa e por isso
a filarmónica abrilhantou a festa em que não faltou comida, bebida e surgiram mesmo
alguns discursos. Para a história ficou a declaração final do discurso do
Mestre Vital que disse “Viva à Baleia Morta” e assim pela mão do Mestre Vital
iniciava-se a epopeia da Caça à baleia na Graciosa.
Foi a Companhia Baleeira de Santa
Cruz da Graciosa, criada pelo Mestre Vital e muitos outros accionistas, a
primeira legalizada que tornou a Vila de Santa Cruz da Graciosa, como um nome
conhecido nos Açores na Caça à Baleia.
Os primeiros botes foram o Santa
Cruz, Senhora da Ajuda e São Salvador, mais tarde foi mandado construir mais uma
embarcação na ilha do Pico, que teve o nome de São João.
Mestre Vital continuou na
baleação até que a idade o deixasse e faleceu já com mais de 80 anos.
Um Graciosense de coração, que
muito serviço prestou aos graciosenses na sua actividade de piloto prático e
implementou na ilha a caça a baleia, que durante décadas viria a ser uma
actividade muito importante para a economia da ilha Graciosa.
Mais um homem de grande valor a
que Rádio Graciosa presta homenagem.
Texto inspirado na obra “A Caça
ao Cachalote na Ilha Graciosa”, de Rufino Pereira, neto do Mestre Vital