Cortar a direito
Foi estranho para muita gente
acordar na passada segunda-feira e não ter na RTP Açores o Bom Dia do conhecido
Pedro Moura, tal como foi também triste para muitos Açorianos deixar de poder
ver o noticiário regional das 13 horas.
Esta é a demonstração de que o
plano do ministro Relvas já está em andamento, sem dó nem piedade. É mesmo
assim, cortar a direito sem preocupações com as obrigações de serviço público,
nem com o interesse dos Açorianos. E, o mais grave, é que ninguém consegue
explicar que ganhos financeiros se obtêm com esta alteração.
Curiosamente, hoje foi conhecido
um estudo de opinião, elaborado pela Norma Açores, onde 79% dos inquiridos não
concorda com a concentração da programação regional entre as 17 e as 23.30
horas.
O referido estudo, e passo a
citar a nota do Gabinete de Apoio à Comunicação Social, “aponta também para uma clara adesão do público açoriano à RTP Açores,
que surge em primeiro lugar em termos de notoriedade total (reconhecimento e
visualização), com 85,5%, sendo igualmente o canal mais visto do Grupo RTP nos
Açores; seguida da TVI com 79%, e da SIC com 75,3%, respetivamente. Dentro do
universo RTP, a RTP/Açores é, não só o canal que merece maior reconhecimento
dos açorianos (47,5% para a RTP/Açores contra 41,5% da RTP 1), como é também o
que é visto com maior regularidade (37% para a RTP/Açores, 18% para o Canal 1)”,
fim de citação.
Este estudo de opinião indica,
também, que o programa Bom Dia, agora extinto ao abrigo da imposição desta
“janela” da programação regional, era o programa mais visto pelos Açorianos,
seguido do Telejornal. Mais palavras para quê…
O receio é que, impelidos por
esta suposta concentração de meios e de recursos, frase muito em voga agora, se
comece, devagarinho e à falsa fé – como aconteceu agora – a promover o
esvaziamento, primeiro, dos correspondentes e, depois, dos centros de produção
mais periféricos, em nome da economia de escala. Com este caminho poderemos
estar a desenhar o fim desta estação que muito tem dado aos Açores e às suas
gentes.
Às voltas com esta questão anda o
PSD Açores, sem saber o que há-de fazer com este embaraço em que se meteu. E
tudo porque o PSD Açores se quer dar bem com Deus e com o Diabo, o que,
convenhamos, não é boa política.
Ponta Delgada, 07 de junho de 2012.
José Ávila