Traduzir

Rádio Graciosa


30 março 2012

Notável desta semana é Maria Leónia Pereira


Maria Leónia Fagundes Pereira nasceu a 18 de Outubro de 1934 na Fajã Grande das Flores. Passou a sua infância e fez a escola primária, nas Flores, sendo na altura simplesmente conhecida como a “Leónia do Senhor Mancebo”. Era uma mulher com uma ternura contagiante e uma bondade desmedida.

 “Leónia do Senhor Mancebo” foi das primeiras jovens que, na década de 50 teve a ousadia, coragem e também, a possibilidade de, ao terminar a 4ª classe, “abandonar” a família, a freguesia e a ilha e ir estudar para o Faial, dado que nas Flores o ensino existente se limitava, na altura, apenas aos quatro anos do ensino primário. Além disso, a Leónia, que ia todos os anos, nas férias do Verão à Fajã Grande, apesar de “estudante”, coisa rara na freguesia na altura, revelou sempre, para com todos os seus conterrâneos, uma simplicidade incondicional, uma alegria contagiante, uma humildade assumida, uma cordialidade permanente e um salutar convívio, não desdenhando de ninguém, nem ostentando uma superioridade que o estatuto de estudante até lhe concederia, mas de que ela nunca fez jus. Por isso é que sempre toda a freguesia a tratou simplesmente pela “Leónia do Senhor Mancebo”.


Depois de completar os estudos primários na Fajã Grande das Flores, de onde era natural, ficou, ainda, uns anos por casa, pois não havia recursos financeiros para que continuasse a estudar, uma vez que tal desiderato implicava a deslocação para outra ilha. Foi uma tia materna, emigrada na Califórnia, que ao visitar a família em 1948, decidiu enviar as sobrinhas, Maria Leónia e mais duas primas para o colégio de St.º António no Faial, onde completaria o antigo 5.º ano de escolaridade. Posteriormente segue para o Liceu Nacional de Ponta Delgada, já a expensas do pai e irmão, para completar o 7.º ano do Curso Geral dos Liceus – Área do Caldeirão (multidisciplinar). Findo este, mais uma vez se colocam constrangimentos de ordem financeira para que pudesse prosseguir os estudos no continente português, pelo que ingressa no Curso dos Correios em Ponta Delgada, cidade onde estagiou e trabalhou durante algum tempo, antes de regressar às Flores, onde viria a trabalhar nos Correios de Santa Cruz e das Lajes, também por pouco tempo. Aberto concurso para colocação em diversos postos dos CTT, e seguindo o conselho do pai, concorre para a Graciosa, onde é colocada em 1960. Trabalhou nas estações de Santa Cruz, Luz e S. Mateus, durante 23 anos. Casou em 1964, dias antes de fazer 30 anos, e teve duas filhas (1965 e 1972).

Em 1982 é convidada pela Prof. Adelaide Teles a encabeçar a lista para a presidência da Câmara Municipal de Santa Cruz da Graciosa, pelo PSD, partido do qual era militante convicta. Ganhou as eleições em Dezembro de 1982. Foi a primeira mulher a ganhar umas eleições autárquicas nos Açores e, ao tempo, uma das poucas no País. Foi eleita, novamente, em 1986, para um segundo mandato, por larga maioria de votos, Leónida enquanto presidente tinha uma forte preocupação em dotar a população de melhores condições habitacionais, pois havia muita pobreza neste campo, nomeadamente a carência de instalações sanitárias/casas de banho, e a continuação da reconstrução e realojamento das famílias atingidas pelo sismo de 1980. Ainda hoje é carinhosamente recordada pela população, que com ela contactou, como a “senhora ou nossa presidenta”, quando por vezes as filhas têm necessidade de se identificar como sendo filhas da Leónia, respondem com saudade: ah, é filha da sara Presidenta, sempre acompanhado de palavras de conforto e simpatia.

Presidiu à Assembleia Municipal de 1990 a 1993, e foi representante do Governo Regional no Conselho de Administração da Gracitur – Sociedade de Investimentos Turísticos da Graciosa, SA.

Era uma pessoa muito devota e religiosa, tendo também sido catequista. Rezava o seu terço, diariamente, na igreja do Senhor St.º Cristo. Era uma pessoa simples na sua maneira de estar e ser, sem grandes vaidades, pautou-se sempre por uma verticalidade e honestidade em tudo o que fazia, fiel aos seus princípios e valores morais e cristãos, que fazia questão de praticar. Foi, sobretudo, uma mãe e esposa extremosa.


Maria Leónia Fagundes Pereira vinha a falecer a 26 de Janeiro de 1998 no Hospital de Santo Espírito em Angra do Heroísmo, para onde foi evacuada no próprio dia.

Mais uma individualidade que a Rádio Graciosa destaca aqui na sua antena


Twitter Facebook Favorites More